Vitória do bloco independentista nas eleições na Catalunha

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Vitória do bloco independentista nas eleições na Catalunha. Pela primeira vez, as forças independentistas obtiveram não apenas a maioria de cadeiras no Parlamento da Catalunha, mas, também, a maioria em votos. Estas eleições de 2021 também serão lembradas pela vitória particular de Salvador Illa (PSC) que, apesar disso, não terá forças para formar governo, como aconteceu em 2017, quando Ciudadanos foi o partido mais votado, mas não teve forças para impedir um governo independentista. Além disso, estas eleições serão recordadas pela façanha do partido ERC (Esquerra Republicana de Catalunya) que, depois de 80 anos, voltará a ter a Presidência da Catalunha nas mãos, mais precisamente Pere Aragonès (o último presidente de ERC na liderança do governo da Catalunha foi Lluís Companys, único presidente democraticamente eleito que foi assassinado pelo fascismo na Europa – mais especificamente, Companys foi executado em 1940, durante o regime franquista espanhol).

Vitória do bloco independentista: e agora?

Ainda é muito cedo para sabermos como os três grande partidos independentistas (ERC, Junts per Catalunya e CUP) se articularão pela unidade do projeto. É possível que a melhor pergunta tenha sido feita pelo zagueiro do Barcelona, Gerard Piqué, que escreveu o seguinte no Twitter:

Três reflexões sobre as eleições catalãs: 1) Maioria de votos independentistas: e agora?

Apesar da vitória do bloco independentista (em cadeiras no Parlamento e em votos), o líder do governo da Espanha, Pedro Sánchez, disse, no Twitter, que a vitória particular de Salvador Illa (PSC) é “uma notícia fantástica”, que “possibilitará a mudança e o reencontro pelos quais tanto trabalharam”. Finalmente, Sánchez agradeceu a Illa por “devolver a esperança de conseguir um futuro melhor para a Catalunha e a Espanha”.

Vale a pena ler: Illa diz que a única coisa que o independentismo conseguiu foi “debilitar a Catalunha”

Crescimento da CUP e ascensão da extrema-direita espanhola no Parlamento catalão

As eleições catalãs deste 14 de fevereiro também foram marcadas pelo ótimo resultado obtido pelo partido CUP, que passa a ter 9 cadeiras na Câmara, mais que o dobro conseguido nas eleições de 2017. Para Dolors Sabater, que concorreu à Presidência pelo partido, a CUP “terá a chave para a formação do novo governo”, e insta os demais partidos independentistas a “traçar uma rota para que a Catalunha avance tanto do ponto de vista nacional como social”.

Por outro lado, a extrema-direita espanhola, que teve em VOX a sua esperança de conseguir um resultado minimamente satisfatório nas eleições catalãs, tem motivos para comemorar. A candidatura liderada por Ignacio Garriga terá direito a ter 11 membros no Parlamento da Catalunha, e estreia na Câmara catalã com a vontade de “não se mover um milímetro sequer de suas propostas durante campanha eleitoral”, como disse Garriga.

PP e Ciudadanos, resultados negativos;

Em 2017, Ciudadanos, então liderado por Inés Arrimadas, conseguiu sua vitória particular, insuficiente, porém, para formação de um governo unionista na Catalunha. Precisamente, o partido conseguiu 36 cadeiras. Menos de quatro anos depois, Ciudadanos perdeu 30 membros e, assim, terá apenas 6 representantes no Parlamento catalão. Dessa forma, Carlos Carrizosa, que havia prometido um “governo puramente constitucionalista” na Catalunha se Ciudadanos vencesse, não poderá concretizar seu plano.

O PPC (representação do PP – Partido Popular – na Catalunha), perdeu uma parte do pouco que tinha, e será representado por apenas 3 membros.

E Junts per Catalunya?

O partido liderado por Carles Puigdemont, e que teve Laura Borràs como candidata à Presidência, ficou em terceiro lugar. Nos números, é possível ver que Junts per Catalunya (JxCat) esteve muito perto de ERC e PSC, mas poderia ter tido mais votos. Por quê? Junts per Catalunya, formalmente constituído como partido no fim do ano passado, concorreu à Presidência separado de outro partido independentista, PDeCAT, cuja principal figura é o ex-presidente catalão Artur Mas. Antes da constituição formal de Junts per Catalunya como partido próprio, JxCat e PDeCAT estavam sob uma mesma marca eleitoral: Junts per Catalunya. Após algumas divergências, e especialmente após o PDeCAT acusar o grupo JxCat de se apropriar da marca eleitoral de maneira indevida, houve uma divisão definitiva entre os dois grupos. Assim, alguns membros do PDeCAT foram para o lado do novo partido, JxCAT. Outros, como a ex-dirigente do PDeCAT, Marta Pascal, migraram para um novo partido, o PNC.

PDeCAT conseguiu 76.836 votos nestas eleições. O número foi insuficiente para que o partido conseguisse cadeiras no Parlamento, mas foi o suficiente para impedir que Junts per Catalunya superasse ERC, já que Junts per Catalunya obteve em torno de 34 mil votos a menos que ERC.

Números (quase) finais da votação

Após 99,79% dos votos terem sido contados, este foi o número de cadeiras conseguido pelos partidos:

  • PSC: 33
  • ERC: 33
  • Junts per Catalunya: 32
  • VOX: 11
  • CUP: 9
  • En Comú Podem: 8
  • Ciudadanos: 6
  • PP: 3

Número de votos por partido (após contabilização de 99,79%)

  • PSC: 651.027 (23,02%)
  • ERC: 602.658 (21,31%)
  • Junts per Catalunya: 567.421 (20,06%)
  • VOX: 217.371 (7,69%)
  • CUP: 188.830 (6,68%)
  • En Comú Podem: 194.111 (6,86%)
  • Ciudadanos: 157.529 (5,57%)
  • PP: 108.841 (3,85%)
  • PDeCAT: 76.967 (2,72%) – não conseguiu representação no Parlamento
  • Primàries (partido independentista): 5.931 (0,21%) – não conseguiu representação no Parlamento
  • FNC (partido independentista): 4.967 (0,18%) – não conseguiu representação no Parlamento
  • PNC (partido independentista): 4.575 (0,16%) – não conseguiu representação no Parlamento

 

  • Total alcançado pelo independentismo: 1.451.349 (51,32%)
  • Participação total: 2.869.070 eleitores (pouco mais de 53,5% do eleitorado, devido, especialmente, à pandemia)

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