Com polêmicas, tramitação do orçamento segue adiante no Parlamento da Catalunha

Debate sobre a tramitação do orçamento foi marcado por críticas entre os sócios do governo catalão

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Graças a um acordo de última hora entre Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) e En Comú Podem, a tramitação do orçamento para 2022 seguirá adiante no Parlamento da Catalunha.

A sessão parlamentar desta segunda-feira foi precedida por uma reunião de urgência entre o partido do presidente catalão, Pere Aragonès, e o grupo liderado por Jéssica Albiach. O encontro foi anunciado no domingo, quando o grupo parlamentar do partido CUP confirmou que manteria suas emendas à totalidade do orçamento. Assim, para que o desbloqueio da tramitação fosse possível, os republicanos selaram um pré-acordo com os comuns, que impediram o bloqueio por meio de uma abstenção na votação.

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Desentendimentos durante a sessão parlamentar

Imediatamente após o anúncio do pré-acordo entre Esquerra Republicana de Catalunya e En Comú Podem, plasmado em um cumprimento de cotovelo entre Pere Aragonès e Jéssica Albiach, a porta-voz do partido Junts per Catalunya, Elsa Artadi, disse que o pré-acordo “possibilitará a aprovação da tramitação do orçamento”, mas que, por outro lado, “representa um fracasso para o movimento independentista e para o presidente Pere Aragonès”.

Para o conselheiro do departamento de Economia do governo catalão, Jaume Giró, o orçamento a ser aprovado “não é o melhor que a Catalunha pode ter”, mas é “o melhor que pode ter neste momento”. O conselheiro reforçou: “não é o melhor porque a Catalunha ainda não é um país soberano”.

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A tramitação do orçamento teve os votos a favor de Esquerra Republicana de Catalunya e Junts per Catalunya, e contou com a abstenção de En Comú Podem. As representações políticas no Parlamento que mantiveram suas emendas à totalidade do orçamento foram CUP, PP, PSC, Vox e Ciudadanos. Entretanto, as críticas à aprovação não foram apenas dos grupos que se opuseram.

Joan Canadell critica a “troca de figurinhas”

O pré-acordo entre ERC e En Comú Podem foi severamente criticado por Joan Canadell, deputado do partido Junts per Catalunya. De acordo com o ex-presidente da Câmara de Comércio de Barcelona, o que houve, nesta segunda-feira, foi uma “troca de figurinhas”. Canadell se referia ao pacto no âmbito municipal entre Ernest Maragall (ERC) e a atual prefeita de Barcelona, Ada Colau, politicamente associada à coalizão En Comú Podem.

Inicialmente, o grupo de Ernest Maragall havia se posicionado contra a tramitação do orçamento na Prefeitura. Entretanto, a aproximação acelerada entre ERC e En Comú Podem nos últimos dias possibilitou que, no âmbito municipal, ERC mudasse o sentido de seu voto, com a condição de que, no Parlamento da Catalunha, o grupo En Comú Podem retirasse suas emendas à totalidade do orçamento.

Ainda em relação à “troca de figurinhas”, Joan Canadell afirmou que seu partido, Junts per Catalunya, será a “garantia” de que o modelo de administração em Barcelona “não será levado para o restante da Catalunha”. O deputado também acusou ERC de “seguir pela via do autonomismo”.

As críticas de Joan Canadell aos sócios do governo catalão fez com que vários deputados de ERC e o próprio presidente da Catalunha, Pere Aragonès, abandonassem o hemiciclo.

PSC: um pacto “improvisado e agônico”

Como não poderia ser diferente, o anúncio do pré-acordo entre ERC e En Comú Podem foi duramente criticado pelo principal partido da oposição, o PSC, do ex-ministro de Saúde do governo da Espanha, Salvador Illa. No debate, a porta-voz do grupo socialista no Parlamento, Alícia Romero, disse que o pacto é “improvisado e agônico“, e que “joga a maioria parlamentar no lixo”.

Vale a pena lembrar que a citada maioria é formada pelos partidos independentistas ERC, Junts per Catalunya e CUP, que obtiveram 52% dos votos nas eleições parlamentares deste ano.

Ciudadanos: “En Comú Podem, novamente, salva os planos do ‘separatismo'”

O porta-voz do grupo parlamentar de Ciudadanos, Nacho Martín Blanco, acusou o grupo de Jéssica Albiach de, “novamente, salvar os planos do ‘separatismo'”.

O deputado também criticou as palavras de Jaume Giró, discordando do fato de que este é o “melhor orçamento para a Catalunha hoje”. Além disso, defendeu que a Catalunha tenha uma “economia que defenda a liberdade e o progresso social, não uma economia nacionalista”. Nesse sentido, o deputado de Ciudadanos negou que uma Catalunha como Estado independente seria melhor.

Vox: “delírios climáticos e feministas”

O grupo parlamentar de Vox, que também apresentou suas emendas à totalidade do orçamento, afirmou que o “separatismo” mais uma vez, “prioriza o desperdício de milhões de euros em sua agenda secessionista, em altos cargos e em delírios climáticos e feministas“.

En Comú Podem: “uma negociação baseada em objetivos concretos, não abstratos”

Para o deputado do grupo parlamentar En Comú Podem, Joan Carles Gallego, o pré-acordo entre ERC e seu partido é “muito positivo”, mas “precisa ser melhorado”. O deputado disse que, por enquanto, “há um acordo em relação a 40 propostas”, e que os grupos “continuarão a melhorá-las até o dia da votação final”, em 23 de dezembro.

Joan Carles Gallego deixou claro que o pré-acordo entre os partidos tem por base “objetivos que tenham a ver com a vida das pessoas, objetivos concretos, não abstratos“.

PP: “inferno fiscal na Catalunha”

O porta-voz do PP na Catalunha, Alejandro Fernández, denunciou que o pré-acordo entre En Comú Podem e ERC significa “criação de mais impostos, que seguirão maltratando as famílias mais humildes”. Por isso, Fernández descreveu a Catalunha como “um inferno fiscal”.

De acordo com o deputado, os líderes do governo catalão “não estão a serviço do povo”, mas sim “dos próprios”, vivendo do “insuportável” processo independentista, que “não leva a lugar nenhum”.

CUP: “Não romperemos as relações com o governo”

De acordo com a porta-voz do partido anticapitalista, Eulàlia Reguant, a CUP “continuará a trabalhar para que o governo esteja a serviço do povo, e abandone os macroprojetos”, como o Hard Rock (em Tarragona) e os Jogos Olímpicos de Inverno de 2030 (Barcelona – Pirineus). A deputada afirmou que a CUP “não romperá laços com o governo”, embora tenha mantido suas emendas à totalidade do orçamento, e exigiu que Pere Aragonès “defina um horizonte, na atual legislatura, para um novo referendo de autodeterminação”.

 

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