Audiência Nacional espanhola concretiza prisão do rapper catalão Pablo Hasél

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Na manhã desta terça-feira, o rapper catalão Pablo Hasél foi retirado da Universidade de Lleida, onde estava refugiado desde a noite de segunda-feira, e levado à prisão pelos Mossos d’Esquadra. O artista foi condenado pela Audiência Nacional espanhola a nove meses e um dia de prisão por ter, segundo a instituição, composto canções com “apologias ao terrorismo e injúrias à Monarquia”. Entretanto, a condenação contra o artista catalão impunha o pagamento de outras multas. Como elas não foram pagas, o tempo real de prisão de Pablo Hasél será de dois anos, quatro meses e quinze dias, como explicou o advogado de Hasél, Diego Herchhoren à Catalunya Ràdio: “neste país [Espanha], cada dois dias de multas não pagas correspondem a um dia de prisão”.

Como a prisão de Pablo Hasél repercutiu na Catalunha, na Espanha e no mundo?

Para que os leitores do Aqui Catalunha entendam bem como a prisão de Pablo Hasél repercutiu na Catalunha, na Espanha e no mundo, separamos uma lista referente a publicações feitas no Twitter desde o começo da manhã.

Jordi Cuixart: Cuixart, presidente da Òmnium Cultural e um dos líderes civis independentistas presos, escreveu, acima da foto de Hásel entrando no carro dos Mossos d’Esquadra: “Fazer da repressão um palanque democrático. Assumir a consequência dos próprios atos para denunciar um Estado que encarcera direitos fundamentais”.

Dolors Sabater: a líder da CUP nas recentes eleições catalãs escreveu: “Vergonha e perversão da democracia que protege os corruptos e opressores, e persegue e prende quem as denuncia”.

Josep Rull: “A interlocução da Audiência Nacional que denega o recurso de súplica de Pablo Hasél, e o obriga a entrar na prisão, detendo-o, foi redigida em termos próprios de um regime autoritário. Uma vergonha democrática”.

Jéssica Albiach: a líder de En Comú Podem nas últimas eleições catalãs escreveu: “Plena liberdade democrática. #LiberdadePabloHasel”.

Podemos: o partido, com presença no Congresso espanhol, afirmou que “todos os que se consideram progressistas deveriam estar envergonhados”. A mensagem é implicitamente enviada ao PSOE, do líder do governo espanhol, Pedro Sánchez: “O rapper Pablo Hasél está sendo detido. Todos aqueles que presumem de “plena liberdade democrática” e se consideram progressistas deveriam sentir vergonha. Vão tapar os olhos? Não há progresso sem o reconhecimento dos déficits democráticos atuais”.

Quim Torra: o ex-Presidente da Catalunha, inabilitado pelo Tribunal Supremo espanhol por ter pendurado uma faixa na fachada do governo catalão com mensagem de apoio aos líderes independentistas catalães em campanha eleitoral, disse em seu Twitter: “Na Espanha do ‘governo mais progressista da história’, cantores são presos por denunciarem a Monarquia, enquanto o fascismo se espalha proclamando ódio com total impunidade. E, enquanto isso, a Lei Mordaça, ainda por ser revogada, e o rei emérito, fugitivo”.

Raül Romeva: o ex-conselheiro de Relações Exteriores do governo da Catalunha, e um dos líderes independentistas presos, disse que “o Estado espanhol é uma jaula”, e completou: “A censura e a intolerância deixaram a humanidade um pouco mais escura. Liberdade para Pablo Hasél!”.

Movimento Antirrepressivo de Madrid: a entidade, que havia convocado uma manifestação na Plaza del Sol, na capital espanhola, denunciou: “Acabam de sequestrar Pablo Hasél e o levam para a prisão por dizer verdades. Que essa injustiça não fique sem resposta, sejamos o exemplo de solidariedade, de luta nas ruas e de antifascismo”.

Diana Riba i Giner: a eurodeputada do partido ERC exigiu que a Comissão Europeia e o Conselho da União Europeia se pronunciassem sobre a situação de Pablo Hasél: “É uma emergência democrática!”.

Andrés Gil: o jornalista do portal Eldiario.es noticiou que o porta-voz da Comissão Europeia, Christian Wigand, se recusou a se pronunciar sobre a prisão do rapper catalão Pablo Hasél. Wigand havia sido indagado sobre o tema pela jornalista Natàlia Segura, da ACN (Agência Catalã de Notícias), e respondeu: “A Comissão não comenta os processos judiciais nacionais dos Estados-membros, e esse é um assunto judicial espanhol”.

Le Monde: o jornal francês foi contundente no início de sua cobertura sobre a detenção de Hasél: “A liberdade de expressão de um rapper e seus insultos contra a Monarquia”. O início do titular foi uma citação às críticas de Hásel à Monarquia durante a detenção: “Mercenários de merda!“.

Conselho pela República Catalã: a entidade liderada por Carles Puigdemont, na Bélgica, publicou em seu Twitter: “O Conselho pela República assegura que a detenção de um artista como Pablo Hasél evidencia, mais uma vez, a natureza franquista do Estado espanhol. Por ele, pelos direitos fundamentais e pela liberdade de expressão: liberdade para Pablo Hasél!”.

The Guardian: o diário britânico explica a detenção com base em informação publicada pela agência Reuters: “Polícia espanhola invade universidade e detém rapper fugitivo”.

Anistia Internacional Espanha: a entidade denuncia que a prisão de Pablo Hasél é uma “notícia terrível” para a liberdade de expressão na Espanha. Além disso, afirma que a ida de Hasél para a prisão “está estritamente vinculado ao exercício de seu direito à liberdade de expressão” e que, por isso, “sua prisão é injusta”.

Alberto Garzón: o Ministro de Consumo espanhol, ligado ao grupo político Izquierda Unida, afirmou que a detenção de Hasél é “um sintoma dos déficits democráticos graves”.

BBC: o meio de comunicação britânico publicou: “Rapper espanhol Pablo Hasél é detido após polícia entrar em universidade”.

Palau de la Música Catalana: a instituição artística publicou um comunicado em “defesa da liberdade de expressão e do respeito aos direitos fundamentais dos criadores e das criadoras”.

Der Spiegel: “Polícia espanhola prende rapper por insultar a Monarquia”, intitulou a notícia o diário alemão.

R7.com: o portal brasileiro, ligado à Record TV, informa, com base em informação publicada pela agência de notícias AFP: “Espanha: rapper é preso por exaltar o terrorismo e insultar a Coroa”.

Editorial: Onde a imprensa brasileira está falhando em relação à Catalunha?

José Luis Martínez Almeida: o porta-voz do PP (Partido Popular) na Espanha disse que a prisão de Pablo Hasél é “uma boa notícia”, pois significa que “um delinquente acaba de ser preso”.

Santiago Abascal: o líder de VOX na Espanha disse que “as difamações e agressões verbais de Hasél não podem ficar impunes”, e que o artista catalão “cria escola” ao “fomentar o ódio”.

Ciudadanos: membros do partido unionista, que quase desapareceu do Parlamento da Catalunha após seu resultado nas eleições catalãs, criticou a postura do partido Podemos. Para Ciudadanos, a “anomalia democrática são os ataques ao Estado de Direito” feitos por Hasél, e não a situação do rapper.

Intensas manifestações na Catalunha e na Espanha

Como não poderia ser de outra forma, a prisão do rapper catalão Pablo Hasél despertou a revolta e a solidariedade dos cidadãos. Em algumas regiões da Catalunha, como em Barcelona, houve enorme tensão entre os policiais e manifestantes, que queimaram vários contêineres de lixo.

A manifestação em Barcelona também foi marcada por uma passeata, em que os participantes se solidarizavam com Hasél:

Em València, houve uma grande concentração de manifestantes na praça da prefeitura, com faixas que exigiam a liberdade de Hasél. Por outro lado, também houve tensão entre manifestantes e policiais, que fizeram uso de cassetetes para reprimir a manifestação.

Em Lleida, cidade na Catalunha onde Pablo Hasél nasceu, também houve uma passeata, em que destacava-se uma faixa que exigia “anistia total“:

Em Girona, também houve grande presença de manifestantes, que exigiam a liberdade de Pablo Hasél. Houve momentos de tensão entre os Mossos d’Esquadra e alguns manifestantes que lançavam objetos contra a sub-delegação do governo espanhol em Girona.

Às 19h (horário catalão), o Sistema de Emergências Médicas da Catalunha (SEM) publicou o número de pessoas feridas durante as manifestações. De acordo com o SEM, 33 pessoas precisaram de assistência, sem distinguir entre civis e policiais. Por outro lado os Mossos d’Esquadra relatam 17 de seus membros precisaram de assistência médica. Ainda de acordo com os Mossos d’Esquadras, foram detidas 15 pessoas em toda a Catalunha: 5 em Lleida (cidade natal de Hasél), 1 em Reus, 1 em Girona, 15 em Vic, e 11 em Barcelona. Precisamente em Vic, manifestantes quebraram vidros da delegacia dos Mossos d’Esquadra, e picharam paredes com mensagens de apoio a Pablo Hasél.

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