Oriol Junqueras defende que independência da Catalunha seja pactada, não unilateral

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Em carta publicada no portal de notícias ARA.cat, intitulada “Olhando para o futuro”, Oriol Junqueras defende que a independência da Catalunha seja “pactada, não unilateral“. Para o líder da Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), “a via do pacto e do acordo” é a que gera “mais garantias e reconhecimento internacional imediato” e que, portanto, a independência unilateral é uma via que “não é viável e nem desejável”, já que “afasta o objetivo a ser conseguido”.

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Uma “profunda reflexão” sobre os acertos e erros

Junqueras afirma em sua carta que o novo governo da Catalunha, presidido por Pere Aragonès, abre “uma nova etapa, repleta de desafios”, e que, três anos após o referendo de autodeterminação, seu partido fez uma “profunda reflexão” sobre os acertos e erros cometidos, que serviram como “aprendizagem”. Nesse sentido, Junqueras faz uma autocrítica relacionada à convocação unilateral do referendo de 1º de outubro de 2017: “Temos que ser conscientes que a nossa resposta tampouco foi vista como plenamente legítima por uma parte importante da sociedade, também da catalã”. Ao mesmo tempo, evidencia que a reação do Estado espanhol “foi percebida por grande parte da sociedade catalã como cada vez menos legítima e distante dos princípios democráticos”.

De acordo com o líder republicano, o objetivo de ERC é “o de sempre”, ou seja, “construir um país próspero, justo e plenamente livre para todos os cidadãos da Catalunha”. Assim, Junqueras afirma que “a independência é a melhor ferramenta para ajudar os cidadãos catalães”, mas que “as estratégias devem estar adaptadas às circunstâncias para que sejam vencedoras”. Em outras palavras, Junqueras acredita que “é preciso haver uma maioria incontestável, plural e transversal, que governe bem e para todos, e que inclua no centro a resolução do conflito político por vias democráticas”.

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Gestos que podem “aliviar” o conflito político

Oriol Junqueras se referiu aos possíveis indultos concedidos pelo governo espanhol aos líderes independentistas catalães como “gestos que podem aliviar o conflito político”. Embora continue a defender a anistia e o exercício do direito à autodeterminação como “as únicas vias políticas e democráticas” que podem resolver o embate entre Catalunha e Espanha, o líder republicano também defende que “qualquer gesto que elimine a judicialização do conflito é importante”, pois “alivia a dor da repressão e o sofrimento da sociedade catalã”.

Finalmente, Junqueras reivindica que, para que esse “novo paradigma” seja possível, será necessário que as duas partes [governos da Catalunha e da Espanha] mostrem “vontade e disposição”. Nesse sentido, valoriza o papel da Mesa de Diálogo entre os dois governos, e insta o Estado espanhol a “mostrar o seu compromisso com a reconciliação, o diálogo e a negociação”.

Repercussão da carta de Junqueras no governo espanhol

A mensagem escrita por Oriol Junqueras foi vista pelo governo espanhol como um “gesto de coragem e uma posta pelo diálogo dentro da legalidade constitucional”, tal como expressou o Ministro de Transportes, José Luis Ábalos. Entretanto, o Ministro espanhol recordou a Junqueras e ao independentismo catalão que “o governo da Espanha não aposta em um referendo pactado“, mas sim que “está disposto a abordar os problemas da Catalunha e da Espanha, que são a saída da pandemia, a reativação econômica, e a recuperação do convívio e da concórdia entre Catalunha e o resto da Espanha”.

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Para Salvador Illa (PSC), líder da oposição no Parlamento da Catalunha, “reconhecer que a ruptura unilateral do marco de convivência não leva a lugar nenhum”, é um “passo à frente”. Nesse sentido, Salvador Illa acredita que as palavras de Oriol Junqueras significam “uma contribuição positiva na direção correta”, para o “reencontro” entre catalães.

Posicionamento das lideranças civis independentistas

Por outro lado, em declarações ao portal Aqui Catalunha, fontes da Assembleia Nacional Catalã (ANC) disseram que o posicionamento de Oriol Junqueras “não desautoriza as ações de quem continua a lutar pela independência catalã”, e que, se for preciso, “de maneira unilateral”.

Para a entidade independentista, os possíveis indultos concedidos pelo governo espanhol representam “uma solução individual”, e “não ajudam o movimento independentista”. De todas as formas, a entidade considera que os indultos são uma forma de que os líderes independentistas presos tenham “liberdade”, e isso é uma “boa notícia”. Entretanto, as fontes consultadas por este portal de notícias esclarecem que os indultos “excluem os mais de 3 mil cidadãos perseguidos e os exilados”, e que “não representam o fim da repressão contra o independentismo catalão”, já que o Estado espanhol “não negocia”.

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