Apesar da imunidade provisória concedida pela Justiça europeia a Carles Puigdemont, Clara Ponsatí e Toni Comín, e apesar do relatório do Conselho da Europa que solicita o fim das ações espanholas contra o independentismo catalão, o governo espanhol mantém a ameaça de deter e julgar os exilados catalães. Um dia após a oficialização dos indultos aos que, até então, eram mantidos na prisão, o Ministro de Justiça do governo da Espanha, Juan Carlos Campo, disse nesta manhã que os três eurodeputados “serão detidos e julgados” se viajarem à Espanha.
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O Ministro “convida” Puigdemont e os demais exilados a voltarem
Ontem, o Ministro de Justiça espanhol “convidou” Puigdemont e os demais exilados a “voltarem para serem julgados”. De acordo com Juan Carlos Campo, a imunidade provisoriamente concedida pela Justiça europeia “não protege” os eurodeputados. Nesse sentido, o Ministro afirma que “os indultos concedidos pelo governo espanhol não afetam” os exilados, considerados “fugitivos da Justiça”.
Juan Carlos Campo, sobre Puigdemont: "Le animo a que vuelva para ser juzgado. Los indultos no le afectan"https://t.co/ArIag7iA9q pic.twitter.com/aj348PxMvk
— Hoy por Hoy (@HoyPorHoy) June 23, 2021
O Ministro repetiu seu discurso na manhã desta quinta-feira, em entrevista à rádio Onda Cero. Além disso, Juan Carlos Campo garantiu que, embora a legislação espanhola permita a concessão de indultos antecipados, “o governo espanhol não contempla, de nenhuma maneira” esse tipo de indulto aos exilados catalães.
Sobre a anistia e um referendo de autodeterminação
Os indultos concedidos aos nove líderes independentistas são parciais e reversíveis. Na saída das prisões, todos garantiram que “continuarão lutando pela liberdade dos mais de 3 mil represaliados, pela anistia e pela autodeterminação da Catalunha”. Entretanto, o governo espanhol tem um posicionamento claro: “não haverá anistia e nem referendo pactado“, garantiram, ontem, o líder do governo espanhol, Pedro Sánchez, e a vice-presidenta Carme Calvo.
Por outro lado, o governo da Catalunha, presidido por Pere Aragonès, garante que “irá com todas as forças” à Mesa de Diálogo para “exigir” que o governo espanhol “aceite” negociar uma saída ao conflito político que envolva a anistia e um referendo de autodeterminação pactado. Está prevista, para o dia 29 de junho, a primeira reunião oficial entre Pere Aragonès e Pedro Sánchez desde que ambos começaram a exercer seus cargos como líderes dos governos da Catalunha e da Espanha, respectivamente.
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