5º aniversário da Declaração de Independência da Catalunha

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No dia 27 de outubro de 2017, a Declaração de Independência da Catalunha marcou um antes e um depois na propaganda política catalã na Europa. O texto da declaração, lido no Parlamento catalão, não representou a mudança do status político da Catalunha em relação à Espanha, mas sim o início de uma longa etapa de difusão da causa catalã ao redor do mundo. Uma difusão marcada pelas diversas tentativas do governo e âmbito jurídico espanhóis de manter o conflito político como um “assunto interno”.

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Prestes a completar 5 anos, o portal Aqui Catalunha, fruto da vontade de informar sobre a atualidade geral catalã, apresentou dezenas e dezenas de notícias com detalhes que, por razões fantasmagóricas, não chegavam ao público brasileiro. Detalhes escritos a partir do ponto de vista, de escrita e de comunicação de quem acompanhou de bastante perto, por exemplo, a violência policial contra os eleitores (durante o referendo de 2017), a prisão de líderes políticos e civis catalães, detenções e ordens europeias de detenção contra os líderes catalães que buscaram fora da Espanha a justiça que, segundo eles, não puderam encontrar em terras espanholas, além da perseguição contra milhares de cidadãos que, em seu exercício de direitos, se manifestaram contra as decisões judiciais que buscavam, ao seu modo, “resolver” um conflito de ordem política.

Diferentemente de determinados portais de notícias espanhóis e alguns diários catalães que, de maneira evidente, publicavam notícias como torcedores fanáticos, o Aqui Catalunha buscou, em todos os momentos, informar. O amadorismo deve ser totalmente prescindível, pois a tarefa de comunicar é nobre, e deve ser exercida com máximo profissionalismo. Relatar fatos jamais deve ser confundido com escrever na base de preferências pessoais. Por isso, embora o Aqui Catalunha ofereça detalhes sobre o movimento independentista catalão, existe uma consciência que prevalece e é única: a do respeito à neutralidade informativa. As conclusões e torcidas pessoais cabem, exclusivamente, aos leitores.

A Declaração de Independência da Catalunha não foi reconhecida internacionalmente, tampouco foi solicitada. Sua unilateralidade foi mal vista e, portanto, rechaçada. No Brasil, por exemplo, a declaração política foi rejeitada pelo Ministério das Relações Exteriores. Em um comunicado, o Itamaraty defendeu o “respeito à Constituição espanhola”, e informou que “acompanharia com atenção os desdobramentos relativos” ao tema. A defesa brasileira reforçou sua mensagem com um apelo ao “respeito à legalidade constitucional e à preservação da unidade do Reino da Espanha”. Essa reação, também vista nas instituições homólogas de outros países, mostrou que, embora a declaração não tenha significado, naquele momento, a mudança do status político da Catalunha, suas consequências, caso fossem assumidas e aplicadas de acordo com o resultado do referendo, tinham o potencial de mudar o mapa político europeu.

Cinco anos e diversas mudanças nas formações governamentais depois, o impasse no âmbito político da Catalunha permanece. Em relação aos acontecimentos de 2017 e 2019 (com o anúncio da condenação dos líderes civis e políticos catalães), a atualidade política catalã respira uma fina tranquilidade. Esse estado de calma, porém, poderá ser dinamitado a partir de qualquer faísca de insatisfação popular em relação ao governo que, teoricamente, trabalha pela independência da Catalunha. As manifestações dos dias 11 de setembro e 1º de outubro mostraram que os 52% dos votos independentistas, conseguidos em 2021, não serviram para que o governo catalão caminhasse rumo à independência. Após numerosas desavenças entre os próprios partidos considerados independentistas, o governo catalão está, hoje, governado por apenas 33 dos 74 representantes eleitos no ano passado. Na liderança minoritária do governo está o partido Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), que defende “trabalhar para toda a Catalunha”, e “sempre ao lado do povo”. Os demais partidos considerados independentistas, entretanto, questionam com força o papel da ERC em relação ao conflito político entre Catalunha e Espanha. Por outro lado, ERC acusa seu principal rival no independentismo, Junts per Catalunya, de “não querer trabalhar pelo povo” e de “sabotar” o governo. De fato, em uma decisão da militância do partido, Junts per Catalunya deixou o governo catalão no início deste mês de outubro, e promete “trabalhar pela independência catalã”.

Cinco anos depois, a Declaração de Independência da Catalunha ressoa como um marco histórico, tanto para quem é a favor da independência catalã quanto para quem é contra. Para o portal Aqui Catalunha, uma oportunidade de reivindicar o papel deste meio de comunicação, que é o de informar com base nos fatos, na memória e na pesquisa.

_ Editorial escrito por Rodrigo Alves.

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