De acordo com as últimas sondagens, haverá maioria independentista absoluta nas eleições parlamentares escocesas, marcadas para esta quinta-feira, 6 de maio. De acordo com a última pesquisa realizada por YouGov, o partido independentista SNP, de Nicola Sturgeon, é o favorito para vencer as eleições com 52% dos votos. Segundo a pesquisa mais recente de Survation, o SNP venceria as eleições com 49% dos votos. Os demais partidos a favor da independência da Escócia são o Partido Verde Escocês e o recém-fundado Alba, do ex-primeiro-ministro da Escócia pelo partido SNP Alex Salmond.
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Acúmulo de forças para um novo referendo de autodeterminação
O bloco independentista escocês deseja recuperar a maioria perdida em 2016, após perder o referendo realizado em 2014. Dois grandes fatores aumentam as chances de o bloco independentista obter maioria absoluta no Parlamento escocês, conhecido como Holyrood: o Brexit e a gestão da pandemia da COVID-19, feita de maneira mais eficiente na Escócia do que na Inglaterra. Em relação a esses dois fatores, existe um nome em comum: Boris Johnson, Primeiro-Ministro do Reino Unido.
Boris Johnson já deixou claro que “não aceitaria um segundo referendo de independência”. Entretanto, uma ampla vitória do bloco independentista, liderado pelo SNP de Nicola Sturgeon, colocaria o Johnson em uma posição seriamente desconfortável. De maneira semelhante ao ocorrido nas eleições parlamentares na Catalunha, que terminaram com vitória do bloco independentista (52% dos votos), os eleitores escoceses a favor da independência de seu país não entenderiam uma falta de pressão do bloco independentista, em caso de vitória com maioria absoluta. Assim, espera-se que os independentistas de Holyrood, se obtiverem ampla maioria por meio das urnas, trabalhem para forçar Boris Johnson a autorizar um novo referendo.
O caso escocês é seguido de perto em diversas partes do mundo, especialmente na Catalunha. Em 2017, o governo catalão, de forma unilateral, convocou um referendo de autodeterminação. Entretanto, o governo espanhol usou as suas forças policiais e a violência para tentar impedir a realização do plebiscito. Os catalães votaram, apesar da pressão, violência e perseguição espanhola. Os votos a favor da independência da Catalunha foram amplamente majoritários, mas o governo catalão se mostrou despreparado para efetivar o resultado. O governo espanhol, por sua vez, dissolveu o governo da Catalunha e convocou eleições em dezembro do mesmo ano. Desde então, a perseguição contra o independentismo catalão continua, apesar da crescente opinião pública internacional contra os modos utilizados pelo Estado espanhol para impedir a independência catalã. Entre esses modos, está a sentença de prisão contra os líderes políticos e civis que participaram da organização do referendo.
Logo, algumas perguntas sobre o caso escocês devem ser feitas. Como será a reação do Reino Unido caso o independentismo escocês vença com ampla maioria? Boris Johnson reagirá como o seu ex-homólogo espanhol Mariano Rajoy? Nicola Sturgeon agirá como Carles Puigdemont, e convocará um referendo contra a vontade do Reino Unido? E, se houver um referendo unilateral, o Reino Unido agirá como o Estado espanhol, usando a violência para impedir um exercício democrático?
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