Carles Puigdemont enviou uma mensagem ao povo catalão sobre a necessidade de votar neste 14 de fevereiro (eleições na Catalunha). Confiram, com exclusividade no Aqui Catalunha, a tradução para o português. O vídeo está disponível na página do Aqui Catalunha no Facebook.
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“Estas são umas eleições diferentes, sabemos disso. Nos pegam em uma crise enorme, de grande transcendência para as nossas vidas. É possível que a crise tenha te afetado pessoalmente, a sua família, o seu negócio… Nos pega, também, depois de mais de três anos de dura repressão. Três anos e dois meses que estamos no exílio e na prisão. Três anos de continuar lutando de defender, de nos defender diante desta pulsão repressiva que nunca acabou no Estado espanhol. E, também, depois de três anos em que não estivemos tão unidos como deveríamos. Não pudemos encontrar, não pudemos nos encontrar, não pudemos te dar a unidade que, para alguns de nós, sempre nos pareceu imprescindível para poder abordar os saltos à frente que o nosso país dedidiu que devia dar em 1º de outubro de 2017.
E, talvez, por tudo isso, você esteja aborrecido, esteja decepcionado conosco. Talvez você tenha vontade de deixar correr ou de não ir votar. De nos fazer pagar nas urnas todas essas incapacidades: a de ir unidos, a de nos sobrepor a essa repressão com a força necessária, a de poder até mesmo dispor das ferramentas e respostas necessárias a uma crise que devastou, que está devastando o mundo. E te entendo. E acho que, nesses três anos, houve motivos para que pudéssemos entender que esse é um sentimento fácil de compreender. Porém, se há algum momento em que não podemos jogar a toalha, em que devemos dar uma resposta, o momento é este.
Primeiro, porque o país precisa que haja um governo muito forte para enfrentar a crise, para poder dar respostas que sejam as mais fortes possíveis, da forma mais rápida possível, com a maior eficiência possível a uma crise de que a Catalunha inteira precisa sair o mais cedo possível, e precisa sair mais forte. Temos as condições para fazer isso, geramos os recursos para fazer isso, e temos a vontade de que assim seja.
Em segundo lugar, porque seremos muito julgados pela resposta que teremos dado em momentos de grandes dificuldades, e esse é um deles. Passamos três anos muito longos, lutando em umas trincheiras muito complexas. Nós, na Europa, por exemplo. Cada dia que nos levantávamos, sabíamos o porquê de estarmos lutando, e sabíamos que vocês estavam presentes e, graças a isso, pudemos continuar um caminho que, a princípio, alguns, talvez muitos, não viam de forma muito clara. E conseguimos nos levantar todas as vezes que tentaram nos derrubar. Isso foi graças a vocês. Sem vocês, não estaríamos aqui. Se vocês não tivessem se levantado e decidido sair de casa para votar, por exemplo, em 21 de dezembro [2017], ou nas eleições europeias [2019], quando disseram que o seu voto não serviria para nada, não seríamos eurodeputados, não estaríamos aqui.
Se conseguimos vencer em 1º de outubro [2017], em 21 de dezembro, e nas eleições europeias, foi por causa de vocês. Vocês nos ajudaram a ganhar, e todos esses dias, 1º de outubro, 21 de dezembro e eleições europeias, se vocês quiserem podemos falar da Alemanha, da justiça belga… Tudo isso são vitórias, talvez algumas sejam pequenas e outras maiores, mas são vitórias, que foram possíveis graças a vocês.
Vêm tempos muito difíceis, sabemos disso, mas é agora, mais do que nunca, que precisamos encontrar aquela força que a Catalunha sempre teve nos momentos de dificuldades. Para superarmos essas dificuldades, dando uma resposta coletiva, coral e forte que nos inspire, que nos inspire dentro e fora da Catalunha. Temos que enviar uma mensagem muito clara. Te peço que vote no dia 14, vote no que você considera que deve votar, mas vote pensando em todo o percurso que fizemos. E que, se nestas condições tão difíceis, tão adversas e tão duras, fomos capazes de manter a posição e de vencer, imagina se continuarmos, se perseverarmos, se mantivermos a posição, se nestas eleições houver uma mensagem contundente para o mundo de que a Catalunha quer ser independente, que a Catalunha merece a independência, e que essa vontade, apesar da repressão, apesar do medo, apesar da desmobilização, se mantém mais forte que nunca… É uma mensagem inequívoca, acreditem.
No dia 14, alguns não poderão votar, e gostaríamos de poder. Te peço que, ainda que você tenha motivos para estar aborrecido, que tenha motivos para duvidar, para estar decepcionado… que nos ajude a vencer. Que a voz da Catalunha, a voz do povo catalão se expresse, porque, por um lado, muita gente foi votar, porque quando muita gente vai votar, o resultado é de uma contundência e de uma fortaleza indiscutíveis. Segundo, que esta mensagem que saia das urnas seja a mesma que foi saindo desde o dia 1º de outubro [2017]. E é uma mensagem que nos permite continuar lutando. Vêm anos decisivos, não apenas para sairmos deste poço da crise, não apenas por essa virada econômica e social que merecemos, mas também por essa virada nacional. Muitíssimo obrigado, e espero que possamos comemorar no dia 14.”
