Um dia após a revelação da espionagem praticada pelo Ministério de Relações Exteriores da Espanha, cujo objetivo era vigiar as atividades de delegações da Catalunha na Europa, o secretário de Relações Exteriores do governo catalão, Alfred Bosch, exigiu explicações ao seu homólogo, Josep Borrell. Em sua intervenção no plenário do Parlament de Catalunya, Bosch disse que Borrell “deve assumir suas responsabilidades”, e que o “escândalo democrático” será comunicado aos eurodeputados e aos consulados europeus e internacionais. “A espionagem política e a perseguição a opiniões e ideologias não deveriam ter lugar em uma democracia. Esse caso é mais um na deriva repressiva do Estado espanhol”, afirmou o secretário catalão.
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Internacionalização da Catalunha: “Legítima e necessária”
Bosch questionou Borrell sobre os meios empregados para a espionagem, que tem por objetivo legitimar o fechamento de representações diplomáticas da Catalunha na Europa. Para o secretário do governo catalão, o Ministério espanhol “está usando recursos e táticas sujas para perseguir os membros do governo catalão e de outras entidades catalãs pela Europa”. Em relação ao papel das delegações catalãs, Alfred Bosch reivindicou sua importância: “É um trabalho legal, legítimo e necessário para internacionalizar a Catalunha”, já que, se isso não acontecer, “perderá força no âmbito global”.
Tentativa de ocultamento da verdade
Para o secretário do governo catalão, o escândalo democrático que representa a espionagem é uma “tentativa de ocultamento da verdade”. Bosch criticou o relato criado pelo Estado espanhol sobre os “maus usos de recursos” por parte das representações diplomáticas catalãs, que estariam “denegrindo a imagem da Espanha” e, também, “fazendo propaganda independentista”. A pergunta, segundo Bosch, não deveria ser sobre os recursos empregados para a internacionalização da Catalunha, mas sim “Quanto Borrell gastou nessa espionagem, que fundos foram utilizados e a quem mais espiou na Catalunha e na Europa?”. Alfred Bosch instou Borrell a “assumir as responsabilidades”, e se mostrou a favor da demissão do Ministro de Relações Exteriores do governo espanhol.