Neste domingo, os líderes dos governos da Catalunha e da Espanha participaram de atos de pré-campanha eleitoral, e como não poderia ser de outra forma, falaram sobre os acontecimentos que marcaram a semana catalã. As detenções de membros ligados ao grupo independentista CDR (Comitê de Defesa da República) e a prisão incondicional de sete deles pautaram os discursos de Quim Torra e Pedro Sánchez.
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Quim Torra: ‘Não podemos condenar uma violência que não existe’
O presidente da Catalunha fez duras críticas às lideranças do governo espanhol que, nessa semana, exigiram que o líder catalão “condenasse uma potencial onda de violência” derivada dos esperados protestos contra a sentença aos líderes independentistas catalães. Na acusação do Ministério Público espanhol, os independentistas detidos (9) e presos (7) “portavam explosivos e planejavam ataques terroristas”, apesar da ausência de provas sólidas e suficientes. Em resposta à exigência do governo espanhol, Quim Torra disse: “Sempre condenamos qualquer tipo de violência ocorrida. O independentismo sempre foi pacífico. Choca contra a violência de maneira natural. Estão tentando construir um falso relato a qualquer preço. Não podemos condenar o que não existe, pois não somos violentos”.
Ainda em relação à violência, o presidente catalão perguntou se as ações da polícia espanhola contra os eleitores em 1º de outubro de 2017 foram condenadas. De acordo com Quim Torra, “aquela é a violência, a única que deve ser condenada pelo Estado espanhol”. Sobre as próximas eleições nacionais, no dia 10 de novembro, o presidente afirmou que “elas sim, e não o independentismo, são um fracasso, resultado da falta de diálogo“. As palavras de Quim Torra são uma resposta às de Pedro Sánchez, que havia definido o movimento pela independência da Catalunha como “fracassado”.
Quim Torra, da plataforma política Junts per Catalunya (JxCat), anunciou que os líderes independentistas presos do partido liderarão a candidatura para as eleições de 10 de novembro. São eles: Joaquim Forn, Jordi Turull e Jordi Sànchez. Vale a pena lembrar que as próximas eleições são a consequência da falta de apoio suficiente a Pedro Sánchez, motivada por negativas à sua posse, por abstenções e pela falta de acordos que possibilitariam, ainda em setembro, um governo consolidado.
Pedro Sánchez: ‘Responderemos com firmeza para garantir a integridade territorial’
No ato de pré-campanha na Catalunha, Pedro Sánchez, acompanhado pelo líder do PSC no Parlamento da Catalunha, Miquel Iceta, voltou a ameaçar o governo da Catalunha com uma nova suspensão – aplicação do Artigo 155 da Constituição espanhola. O líder do PSOE prometeu: “Se o independentismo voltar a passar dos limites do Estatuto [de autonomia catalã], o governo da Espanha responderá com serena firmeza para garantir a convivência, a integridade territorial e a soberania nacional”. Sánchez também voltou a exigir que o presidente da Catalunha atue: “Dá aulas de democracia e não condena a violência”.
Miquel Iceta, por sua vez, atacou as bases independentistas catalãs repetindo o que a porta-voz do governo espanhol, Isabel Celaá, disse sobre a autodeterminação: “Não haverá autodeterminação e nem anistias”. Para Iceta, “o grande problema na Catalunha é de convivência, e há dor e fratura”.