Aproximadamente 150 conservadores de todo o estado espanhol assinaram o manifesto ‘O patrimônio não é uma bandeira’, no qual expressam sua preocupação com o tratamento do caso das pinturas do Mosteiro de Sixena. Além da sentença judicial, que afirmam respeitar, apontam que essa situação levanta questões éticas e profissionais que afetam diretamente sua profissão.
‘Somos conscientes de que o patrimônio cultural é uma ferramenta essencial na construção das identidades coletivas. E assumimos naturalmente que esse valor simbólico faz parte de sua essência e seria, portanto, razoável seu uso se fundamentado em um sincero apreço e cuidado constante. No entanto, denunciamos há tempos a instrumentalização com fins políticos do patrimônio cultural, que se torna um instrumento ocasional a serviço de interesses espúrios: usado quando convém, ignorado quase sempre’, dizem.
Defendem que a obra em litígio ‘não é um símbolo ou uma bandeira que possa ser agitada conforme convém’, mas sim um bem cultural cuja integridade deve ser preservada em benefício de toda a sociedade, por sua importância patrimonial. ‘Conhecendo o limitado esforço que as administrações dedicam à defesa e proteção do patrimônio, essa super atuação nos parece simplesmente demagógica’, afirmam.
Os conservadores argumentam que a análise dessa problemática de conservação deve ser abordada unicamente do âmbito técnico e científico, pois se trata de uma intervenção com ‘grandes incertezas’. Assim, segundo eles, exige uma atuação ‘serena e cuidadosa’. No caso das pinturas de Sixena, explicam que a mesma intervenção pela qual foram arrancadas durante a guerra de 1936-1939 e transferidas para o MNAC faz parte de um processo histórico que aumenta seu valor documental.
‘Embora não tenhamos um conhecimento exaustivo de toda a documentação técnica, parece óbvio que a intervenção necessária para desmontagem, transferência e reposição é complexa. Entendemos que esses riscos devem ser ponderados cuidadosamente e, por isso, exigimos um debate tranquilo, afastado da atual pressão midiática. Defendemos que a profissão pode responder com sucesso a qualquer desafio, e que tanto o pessoal do MNAC quanto o que trabalha com o Governo de Aragão são perfeitamente capazes de esclarecer essas incertezas e planejar uma solução ótima que permita cumprir a sentença sem afetar a pintura mural, desde que possam trabalhar com o tempo e a segurança necessários’, afirmam.
No entanto, questionam se a solução adotada seria aceita e respeitada por todas as partes. ‘Essa possibilidade introduz uma tensão desnecessária na profissão, e — antes que ocorra — rejeitamos qualquer forma de coerção. A independência profissional é fundamental em uma sociedade democrática que valoriza o conhecimento especializado; as decisões de conservação desta pintura devem responder unicamente a consensos técnicos e éticos e não a interesses políticos’, dizem.
Você pode ler o manifesto completo aqui.
Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.