Uma juíza federal dos Estados Unidos prorrogou sine die o bloqueio da ordem do governo de Donald Trump contra a Universidade Harvard, que a impedia de admitir estudantes estrangeiros. A decisão foi tomada hoje em uma audiência judicial em Boston, onde a juíza Allison Burroughs considerou necessário manter ativa a ordem de proteção, apesar de o governo ter anunciado uma moratória temporária de trinta dias. Na semana passada, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, notificou Harvard sobre o cancelamento imediato de sua certificação para inscrever estudantes estrangeiros. Essa certificação é indispensável para que as universidades possam acolher estudantes internacionais. No dia seguinte, a juíza Burroughs emitiu uma ordem de emergência para frear a medida e convocou uma audiência para avaliar sua continuidade.
Antes da audiência, o governo apresentou um documento ao tribunal anunciando que o cancelamento não seria imposto imediatamente e que Harvard teria trinta dias para apresentar provas contra a sanção. Apesar desse recuo, Burroughs manifestou desconfiança nas intenções do governo e considerou necessário manter o bloqueio: “Sei que vocês acham que a ordem judicial não é necessária, mas eu acredito que sim. Não precisa ser draconiana, mas quero garantir que nada mude”, disse ao advogado do governo.
Durante a audiência, a juíza expressou preocupação de que, apesar do adiamento formal, a administração de Trump possa tomar medidas ocultas para dificultar a atividade internacional de Harvard, como obstruir a emissão de vistos para os alunos estrangeiros. Por isso, decidiu manter a suspensão da ordem do governo enquanto as partes continuam negociando um possível acordo que garanta a situação atual durante o procedimento judicial. A decisão judicial representa mais um obstáculo à nova ofensiva de Trump contra as instituições educacionais de prestígio, dentro de seu discurso anti-imigração e contra o suposto “elitismo liberal”. Os estudantes protestaram esta semana em frente ao campus de Harvard, em Cambridge (Massachusetts), com cartazes em defesa da diversidade e do direito à educação internacional.
*Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.*