O chefe do Serviço de Planejamento da Agência Valenciana de Segurança e Resposta a Emergências compareceu como testemunha perante a juíza de Catarroja que investiga as responsabilidades penais pela tempestade do dia 29 de outubro. Uma tragédia com 228 vítimas fatais que resultou na imputação da ex-conselheira de Emergências, Salomé Pradas, e de seu número 2, Emilio Argüeso, por crimes de homicídio e lesões por imprudência grave. Segundo fontes informadas sobre o depoimento, o alto cargo ratificou que a conselheira era a máxima responsável pelo comando naquele dia, conforme estabelecido no plano de Proteção Civil em situações de emergência de nível 2. Também destacou que, ao contrário do que foi sugerido publicamente, a delegada do governo espanhol, Pilar Bernabé, não tinha nenhuma responsabilidade operacional atribuída pelo plano: ‘Era apenas membro do CECOPI em representação da administração central.’
O testemunho foi além e afirmou que, dada a magnitude da inundação, era necessário declarar uma situação de emergência de interesse nacional, como foi feito após o grande apagão de 28 de abril. Isso teria implicado que o comando passasse do conselheiro competente para o presidente da Generalitat, Carlos Mazón, enquanto a emergência não era ativada pelo governo espanhol. Entre os motivos apresentados para justificar essa necessidade, mencionou a interrupção do tráfego ferroviário e rodoviário, e especialmente o impacto no bypass – a principal via de circunvalação de Valência e da área metropolitana. Lembrou que declarar a emergência de interesse nacional era uma decisão discricionária do Ministério do Interior espanhol, mas também poderia ser solicitada pelas comunidades autônomas.
Em seu depoimento, também focou no papel da Confederação Hidrográfica do Júcar (CHJ), órgão dependente do Ministério da Transição Ecológica espanhol. Explicou que a Generalitat tinha dados sobre a chuva, mas a interpretação técnica do impacto dessas chuvas era competência da CHJ, que possuía o conhecimento sobre os caudais e sua evolução. Destacou: ‘Uma coisa é chover e outra é o rio trazer água. Quanta água ele traz? Quão perigoso é?’ Além disso, questionou por que alguns municípios não ativaram seus planos municipais de inundação e acrescentou que, caso não os tivessem, deveriam ter ativado o plano territorial.
Segundo seu depoimento, em 29 de outubro ele se incorporou ao Centro de Emergências de L’Eliana às 12h30 e permaneceu até as 17h20. No entanto, explicou que não fez parte do dispositivo operacional nem participou ativamente na gestão da crise. Também afirmou que não chegou a ver os membros do CECOPI reunidos naquele dia. O caso continua em aberto e é previsto que mais depoimentos se acumulem para esclarecer se houve negligência na resposta institucional a uma das piores inundações das últimas décadas na Comunidade Valenciana.
*Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.*