Restando cada vez menos tempo para o dia do anúncio das prováveis sentenças condenatórias contra os líderes independentistas catalães, o independentismo avança na busca por uma unidade estratégica que lhe permita atuar em resposta às condenações. Na manhã desta segunda-feira, o cenário político-social da Catalunha foi sacudido pelo Tsunami Democràtic (Tsunami Democrático). Trata-se de um novo movimento transversal no movimento independentista catalão que tem por objetivo “organizar uma luta democrática, determinada e organizada, baseada na desobediência civil e pacífica”. Até o momento da divulgação, não havia pistas sobre a sua criação e, por isso, seu lançamento foi uma surpresa. A notícia foi divulgada dois dias após o encontro entre as lideranças políticas e civis do independentismo catalão em Genebra, Suíça.
Como será o Tsunami Democrático?
O movimento é descrito como “uma resposta dos cidadãos à sentença do Tribunal Supremo espanhol com desobediência civil e não violenta”, mas não oferece mais detalhes sobre como serão concretizadas as ações. Na carta divulgada no site de Tsunami Democrático, os organizadores se referem à autodeterminação como “uma viagem longa e complexa”, e defendem a “luta permanente pelos direitos individuais e coletivos”. Prometem “firmeza total e não violenta” na resposta às sentenças contra os líderes políticos e civis catalães, que podem ser condenados, somadas as penas individuais, a mais de 200 anos de prisão. Os idealizadores do movimento também afirmam que a luta pacífica e a desobediência civil são “estratégias transformadoras”, e finalizam a mensagem com um “Mudemos o estado das coisas”.
Apoio nas redes sociais ao Tsunami Democrático
Imediatamente após a divulgação do movimento democrático, várias foram as figuras políticas do independentismo catalão que mostraram seu apoio ao Tsunami. Uma delas foi Carles Puigdemont, ex-presidente da Catalunha e responsável pela convocação do referendo de autodeterminação, realizado em 1º de outubro de 2017, e combatido pelas forças policiais espanholas com violência. No Twitter, Puigdemont disse que “é preciso recuperar a iniciativa em todos os âmbitos”. O atual líder do governo catalão, Quim Torra, usou sua conta no Twitter para dizer que “os direitos, se não forem exercidos, perdem seu sentido”.
Oriol Junqueras, um dos líderes independentistas presos, defendeu que “a democracia deve estar acima de tudo, e que votar não é delito”. Já para o vice-presidente da Generalitat de Catalunya, Pere Aragonés, “Nem o referendo e nem a independência são delito”. Ernest Maragall, que ocupa, hoje, o cargo de regedor na Prefeitura de Barcelona após ser candidato ao governo municipal, convida os cidadãos a “derrubar o muro da repressão, erguido pelo governo espanhol, com o Tsunami Democrático”.