Nessa sexta-feira, o diretor do Patrimônio Cultural da Generalitat de Catalunya, Jusèp Boya, fez uma denúncia contra o “assédio inexplicável” contra as línguas da Catalunha. O discurso de Boya foi feito em aranês, que é uma variedade linguística do occitano, falada na região catalã de Vall d’Aran. No dia 12 de fevereiro, o Tribunal Constitucional espanhol anulou o uso preferencial do aranês nas administrações públicas em Aran. De acordo com o TC, o uso preferencial do idioma representaria uma supremacia do aranês sobre o espanhol e o catalão. Essa circunstância estaria em desacordo com a constituição espanhola.
Em 2010, o Parlament de Catalunya havia aprovado a Llei de l’Occità, que estabelece as diretrizes de proteção e promoção do occitano em Vall d’Aran (aranês).
A ação do Tribunal Constitucional da Espanha esteve acompanhada por um plano de ataque ao sistema escolar catalão, proposto por Mariano Rajoy e sua equipe. A intenção é aproveitar a aplicação do artigo 155 para liquidar o uso da língua catalã nas escolas. A estratégia, de acordo com Rajoy e o atual ministro de Educação espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, é incluir nas fichas de matrícula escolar uma opção para que o espanhol, e não o catalão, seja a língua veicular nas aulas. Nessa sexta-feira, Méndez de Vigo confirmou que “farão de tudo” para concretizar o plano. Uma semana antes, o líder do partido Ciudadanos, Albert Rivera, um dos maiores inimigos do independentismo e da imersão linguística em catalão, propôs que a língua catalã deixasse de ser um requisito para aquelas pessoas que busquem assumir um cargo público.
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Em defesa do catalão e do aranês
Em resposta à abusiva decisão do Tribunal Constitucional espanhol, funcionários da Generalitat de Catalunya interpretaram uma canção em aranês, L’Immortéla, uma popular produção occitana. O gesto dos trabalhadores serviu como apoio ao uso do aranês, e consequente rechaço à decisão do TC.
Em relação aos ataques contra à imersão linguística em língua catalã, algumas personalidades da vida cultural e política da Catalunha expressaram sua insatisfação no Twitter:
- Marcel Mauri, vice-presidente da Òmnium Cultural: “O que nunca ganharam nas urnas, querem impor à base da força. Seu objetivo é a divisão social da Catalunha. Temos que seguir unidos, avançando como um só povo. Defenderemos incansavelmente o modelo de êxito e garantia de coesão que representa a imersão [em língua catalã]”
- Joan Tardà i Coma, deputado do partido ERC: “Se o governo espanhol aproveitar o 155 para acabar com a imersão linguística, ficará mais evidente sua má fé e vontade de continuar prejudicando a Catalunha.”