Quem foi Caterina Albert? | Arquivo Doc.cat Aqui Catalunha

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A história catalã está repleta de pessoas e fatos que, ao longo de centenas de anos, puseram a Catalunha em um lugar de destaque. São tantos os nomes – de homens, mulheres, lugares, guerras, conquistas, criações – que seria preciso escrevermos grossos tomos, cada um relacionado a um ou dois séculos.

Nesta terceira publicação do Doc.cat, abordaremos dois nomes que, em comum, deixaram grandes contribuições na literatura catalã entre o final do século XIX e durante a primeira metade do século XX. Um deles, porém, foi apagado e substituído por um que estava mais de acordo com a potência das letras e a impotência intelectual de uma sociedade em que ser mulher significava ter limitações, não físicas, mas sim cidadãs. Caterina Albert (1869 – 1966) existiu por um tempo e para sempre, e naquela existência, coexistiu sua versão masculina, seu obrigado lado escuro brilhante.

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De Caterina Albert a Víctor Català

Em qualquer pesquisa sobre Caterina Albert, encontramos o nome Víctor Català. A adoção do pseudônimo responde a uma causa que refletia a perplexidade patriarcal, um problema enxergado na fonte que havia gerado escritos tão poderosos e desconcertantes, que não poderiam, de acordo com os másculos, ter sido escritos por uma mulher. No ano de 1898, a escritora participou dos Jocs Florals d’Olot. Os Jocs Florals são uma competição literária com origens medievais, mais especificamente do século XIV. Depois de séculos de ausência, eles voltaram com força no século XIX, em uma época associada ao movimento conhecido como Renaixença, cujo objetivo era devolver à língua catalã a condição de ferramenta de difusão cultural e literária na Catalunha.

Naquela edição do certame literário, Caterina teve duas produções premiadas: o poema Lo llibre nou e o monólogo teatral La Infanticida. A segunda obra, porém, gerou muita polêmica. Em La Infanticida, testemunhamos o drama de uma jovem que, ao tentar esconder a gravidez de sua família, tira a vida do filho recém-nascido. A potência das palavras e conteúdo não teria sido um escândalo se a mente criadora daquele monólogo não fosse de uma mulher. Assim interpretaram os julgadores da competição, que não publicaram La Infanticida. A partir daquele momento, Caterina Albert se viu obrigada a ocultar sua identidade, mas não sua essência. Abriu as portas, então, para Víctor Català, que era um personagem de uma novela que Caterina ainda escrevia à época, chamada Càlzer d’amargor. A partir desse triste episódio, todas as demais obras de Caterina Albert, a partir de 1901, viriam a ser assinadas por Víctor Català.

Consolidação literária de Caterina como Víctor – as obras

O ocultamento do nome feminino seguiu até suas últimas publicações. A produção de Víctor Català, com influências do Modernismo (Modernisme) e, posteriormente, do Novecentismo (Noucentisme), incluiu poemas (como El cant dels mesos, de 1901), textos teatrais (como Quatre monòlegs, também de 1901), coletâneas de contos (como Drames rurals, de 1902, Caires Vius, de 1907, e Contrallums, de 1930), novelas (como : Solitud, de 1905, e considerada a responsável por consolidar, definitivamente, Caterina Albert, no cenário literário catalão), antologia ( Marines, de 1928) e coletâneas de narrações (como Vida mòlta, de 1950).

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