A Liga dos Campeões da Europa, a Liga do confinamento, a Liga da vergonhosa eliminação do Barça, a Liga de uma nova decepção protagonizada pelo PSG de Neymar… A Liga dos Campeões 2020 / 2021 chegou ao fim. Festa do Chelsea, lamentação do Manchester City, banquete de alucinógenos nos guetos de Madrid, de Cornellà e de alguns cantos do Brasil, onde os invejosos quebram as ratoeiras quando Pep Guardiola não vence.
É compreensível. Quando o máximo que conseguem é uma volta para a primeira divisão de uma liga nacional (Espanyol) e uma temporada sem título algum (Real Madrid), é normal que a festança seja regada a pão esmigalhado e colônia catalã produzida por um meio pouco convencional. É absolutamente compreensível que isso ocorra quando o terceiro treinador com mais títulos na história do futebol masculino deixa de vencer a Liga dos Campeões, alargando a seca de títulos no torneio. Com tanta colônia catalã ingerida, é normal que a consciência seja afetada, que a visão seja incapaz de considerar os demais títulos conquistados pelas equipes de Guardiola. É normal que a ingestão acima da média de certos líquidos altere a percepção sobre como vencer.
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Gostem ou não, Pep Guardiola, aos 50 anos, tem um currículo impressionante, construído com estilo e 31 títulos. Um estilo reconhecido em Barcelona, Munique, Manchester e em tantos outros lugares do mundo, também em Madrid, claro. Certamente, Pep Guardiola terá mais oportunidades de voltar à final da Liga dos Campeões, e ganhá-la. É necessário que volte a ganhar? Não, porque não tem nada a demonstrar. Entretanto, será um imenso prazer vê-lo ganhando, levantando troféus, impondo um estilo de jogo que não pode ser igualado por nenhum treinador contemporâneo. Será um prazer ver a correria desesperada nos guetos, tanto nos dias de música com a cara ao Sol quanto nos dias de chuva de colônia.
Cada título de Guardiola é uma pequena homenagem à Catalunha. Cada derrota sua é um pregão festivo que sacode as ratoeiras. Viva la vida, e mais Coldplay!
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