No dia 7 de novembro, a Catalunha do Norte relembra os acontecimentos posteriores à assinatura do Tratado dos Pirineus, de 1659. Esse acordo, que estabeleceu o fim da Guerra dos Trinta Anos e foi assinado pelas monarquias francesa e hispânica, desintegrou o mapa do Principado da Catalunha. Assim, as comarcas de Rosselló, Conflent, Vallespir e Capcir, mais uma parte de Cerdanya, foram incorporadas à França. Essas regiões, hoje, formam a região conhecida como Catalunha Norte, território de raízes históricas, culturais e linguísticas catalãs, mas sob a administração do Estado francês.
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A Diada de Catalunya Nord
O Principado da Catalunha (região formada por quatro províncias, graças à divisão territorial na Espanha em 1833) e a Catalunha do Norte compartilham muitas coisas, entre elas uma data para relembrar acontecimentos tristes (11 de setembro e 7 de novembro, respectivamente).
Poucos anos separam o Tratado dos Pirineus (1659, século XVII) do fim da Guerra de Sucessão Espanhola (1714, século XVIII). Séculos depois, os dois territórios catalães, sob condições e formas diferentes, continuam a reivindicar suas origens. Essas reivindicações, por diversos motivos, não são vistas nos demais territórios que fazem parte dos Países Catalães ou, no mínimo, são vistas de maneiras diferentes ou bem menos intensas que as do Principado da Catalunha.
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Se, no Principado da Catalunha, o Dia Nacional é marcado (como tem sido desde 2012, exceto em 2020) por manifestações multitudinárias pela independência e oferendas florais a Rafael Casanova, a Catalunha do Norte “comemora” o dia 9 de novembro com manifestações pela unidade norte-catalã e vinculação linguístico-cultural com o Principado da Catalunha. Logicamente, assim como na Diada Nacional de Catalunya (em 11 de setembro), a Diada de Catalunya Nord tem apresentações de danças típicas, como a sardana, de castelos humanos e outros eventos próprios da cultura catalã.
Catalunha do Norte e a língua catalã
Recentemente, o portal Aqui Catalunha publicou uma notícia sobre uma manifestação em Perpinyà, capital da Catalunha do Norte, que reivindicava a abertura de um centro de ensino em catalão. Não é a primeira vez, em 2021, que esse território se manifesta em defesa da língua catalã. Por exemplo, no mês de maio, Perpinyà foi o centro de uma manifestação contra a decisão do Tribunal Constitucional francês que derrubou a lei de proteção linguística no país.
Desde 1984, Perpinyà é o centro dessas manifestações pela cultura e língua catalã na Catalunha do Norte. Nove anos depois, em Mallorca (território de língua catalã e berço de Ramon Llull) surgiu o Correllengua, um conjunto de atividades populares cujo objetivo é fomentar o uso social da língua catalã e apoiar a cultura popular nos territórios falantes de catalão. Tradicionalmente, o Correllengua é um evento que acontece na maior parte dos territórios dos Países Catalães, e encerra suas atividades em Perpinyà.
Entre as atividades do Correllengua, há apresentações de dança e música, debates, eventos gastronômicos, programas especiais de rádio e televisão, teatros de rua e homenagens a representantes da literatura catalã.
Em 2021, o lema geral da comemoração na Catalunha do Norte é “Abramos as fronteiras, apaguemos o Tratado dos Pirineus“.
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