O governo italiano aprova a polêmica construção da ponte suspensa mais longa do mundo

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O governo italiano aprovou definitivamente o projeto da ponte sobre o estreito de Messina, que irá conectar a ilha da Sicília com a península italiana. A obra, há muito adiada, será a ponte suspensa mais longa do mundo, com um comprimento total de 3.666 metros. O projeto, no valor de 13.500 milhões de euros, é impulsionado pelo ministro das Infraestruturas, Matteo Salvini, que fez disso uma bandeira política.

“Será a ponte suspensa mais longa do mundo. Uma infraestrutura dessas é um acelerador do desenvolvimento”, disse Salvini, que comemorou a aprovação do projeto definitivo como um marco histórico. A ponte terá seis faixas para veículos – três em cada sentido, com uma de serviço e uma de emergência de cada lado – e uma linha ferroviária de dupla via. Será sustentada por duas torres de 399 metros e dois cabos de aço formados por mais de 44.000 fios cada. Segundo as autoridades italianas, poderá suportar ventos de até 270 km/h e fortes terremotos, graças a uma estrutura inspirada em outras pontes construídas em zonas sismicamente ativas, como a de Akashi no Japão ou a de Çanakkale, na Turquia.

Uma obra envolta em controvérsia

O projeto voltou com força em 2023, com o apoio do governo de Giorgia Meloni e uma campanha de Salvini para incluí-lo como despesa ligada à defesa, uma vez que a Sicília abriga uma base da OTAN. Essa classificação poderia facilitar o financiamento, pois a Itália se comprometeu a aumentar os gastos militares para 5% do PIB. No entanto, mais de seiscentos professores e pesquisadores assinaram uma carta rejeitando essa classificação, pois consideram que implicaria requisitos adicionais e um possível uso militar da infraestrutura.

Além do debate político, o projeto tem enfrentado resistências sociais e ambientais. Grupos locais denunciam o alto custo da obra e os impactos ecológicos em uma região de alto valor natural. Há também ceticismo sobre se será concluída, dada a longa história de tentativas fracassadas: desde 1969 foram apresentadas propostas, mas nenhuma teve sucesso até agora. Em 2006, o consórcio Eurolink – liderado pela empresa italiana Webuild – venceu a licitação, mas a obra foi interrompida com a crise da dívida de 2012. Agora, a Eurolink é novamente a principal adjudicatária.

Promessas de emprego e transformação territorial

As autoridades calculam que a obra gerará um pico de sete mil empregos simultâneos e mais de cem mil empregos diretos e indiretos durante todo o processo. O presidente da região da Sicília, Renato Schifani, disse que o projeto faz parte de um plano estratégico para modernizar a região, com investimentos de quase 20.000 milhões de euros. Ele destacou a construção da linha de alta velocidade entre Palermo, Catania e Messina, a nova estrada Catania-Ragusa, a renovação da autoestrada A19 Palermo-Catania e o viaduto da SS640 em Caltanissetta.

Além disso, o projeto inclui novas estações ferroviárias em ambos os lados do estreito e três estações subterrâneas em Messina (Papardo, Annunziata e Europa), o que fortaleceria a rede de transporte regional para os mais de 400.000 habitantes da área metropolitana.

Os trabalhos preliminares podem começar no final deste verão e a construção formal está prevista para 2026, com o objetivo de concluir a obra em 2032. Enquanto isso, as críticas continuam em um país onde muitas obras públicas permaneceram inacabadas e onde a memória do terremoto de 1908 em Messina, que matou mais de 80.000 pessoas, continua muito viva.

Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.

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