O exemplo da Catalunha para o Brasil de Jair Bolsonaro

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O objetivo deste editorial é apresentar o exemplo da Catalunha para o Brasil de Jair Bolsonaro. Nesse dia 24 de março de 2020, suas declarações sobre a evolução do coronavírus no país causaram uma chuva de queixas. Acertadas, muito acertadas. Não buscamos, aqui, falar de posicionamentos políticos no Brasil, já que, em primeiro lugar, o território de atuação deste portal é a Catalunha; em segundo lugar, mas não menos importante: estamos falando de saúde. Estamos falando de preservação de vidas. E quando falamos de proteção de vidas, nada mais importa, pois somos feitos da mesma matéria, crescemos, evoluímos (nem todos), e morremos. Entretanto, é extremamente preciso que essa última fase da evolução seja adiada o máximo possível. E para que isso aconteça, precisamos agir.

O que Jair Bolsonaro pode aprender com o presidente Quim Torra?

Em seu discurso, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro fez o seguinte:

  • criticou o fechamento das escolas para o combate ao coronavírus;
  • disse que a imprensa provocou uma histeria sobre o coronavírus;
  • caracterizou o COVID-19 como uma “gripezinha”, um “resfriadinho”, o máximo efeito em seu corpo por seu “histórico de atleta”.

É inconcebível que alguém, com tal liderança em mãos, diga que o fechamento de escolas é desnecessário. Fechar as escolas é uma forma que determinados grupos da sociedade fique em casa: professores, diretores, auxiliares gerais e alunos. É o suficiente? Não, mas ajuda. No dia 12 de março, publicamos uma notícia sobre as primeiras medidas do governo da Catalunha para lidar com os efeitos do novo coronavírus. O princípio da notícia teve como foco as ações voltadas para ajudar as pequenas empresas, mas, ao longo da matéria, acompanhávamos o desenrolar de outra decisão do governo catalão: a de fechar os centros educativos de toda a Catalunha. Conseguimos, a tempo, incluir a informação de que o fechamento desses centros aconteceria já no dia seguinte.

A partir dessa decisão, o presidente Quim Torra, com sua equipe do governo, passou a insistir no confinamento total da Catalunha. Entretanto, precisaria da colaboração do governo da Espanha (para fechamento de portos e aeroportos). A proposta foi negada pelo líder do governo espanhol, Pedro Sánchez. Ao mesmo tempo, Sánchez se recusa a confinar a capital espanhola, Madrid, que é o lugar onde há o maior número de pessoas infectadas e pessoas que não resistiram ao vírus. De acordo com as informações mais recentes, o ritmo de contágios na Espanha já é bastante semelhante ao da Itália e, hoje, é o país da Europa com a maior concentração de infectados. O discurso de Bolsonaro, portanto, já estava defasado, pois ainda estava preso à Itália, quando já deveria considerar o problema na Espanha. A inoperância criminosa de Pedro Sánchez é a grande culpada.

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Seguir o confinamento total não é, senhor Jair Bolsonaro, estar de um lado ou do outro na política. Não é, senhor Jair Bolsonaro, seguir a onda de uma imprensa histérica que existe em sua visão. Seguir o confinamento total é seguir as recomendações de especialistas médicos, do Ministério da Saúde, de quem parte a cara nos hospitais, virando noites para salvar vidas e arriscando as próprias. Não serão as suas críticas infundadas e irresponsáveis a chave para a volta à normalidade. Lembre-se, Bolsonaro, como a China conseguiu melhorar o seu quadro, e como a Itália começa a seguir uma direção positiva.

Caso o coronavírus fosse uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, a Organização Mundial de Saúde não teria publicado as recomendações aos governos que publicou. Se o COVID-19 fosse um “resfriadinho” ou uma “gripezinha”, não estaríamos vendo a economia de todo o planeta enfrentando sérias dificuldades. Se o novo coronavírus não passa de uma “gripezinha”, por qual motivo passou a usar uma máscara? Preocupa tanto ao senhor um “resfriadinho”?

Senhor Jair Bolsonaro, lidere o Brasil como deve ser feito. Aprenda com o que aconteceu e ainda acontece em diversos países. A sociedade brasileira tem direito a ter um presidente que, tal como o da Catalunha, exija o confinamento total do território, e mais proteção aos trabalhadores. Os brasileiros querem se orgulhar de ações que têm por objetivo a proteção da vida e trabalho deles. Eles não querem e não precisam ouvir declarações de poderio físico e narcísicas. Deixe seu histórico militar e de atleta para o passado, e encare o presente e as necessidades de todos. Divulgar informações e alertar exaustivamente ao povo sobre os cuidados necessários não é uma histeria, mas sim uma obrigação e um bom exercício cidadão. Seja um líder, não um capitão desorientado.

LEMBRETE EDITORIAL (Coronavírus)

Mobilizem-se, do jeito que puderem: com contatos, informações, fabricações… colaborem como puderem. Olhem o que tem acontecido na Europa, especialmente na Catalunha, na Espanha e na Itália. Sigam as recomendações de higiene, e fiquem em casa. Quanto mais tempo demorarmos para seguir ao pé da letra todas as recomendações, mais tempo estaremos nessa incômoda situação. Façam a sua parte.

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