Início Pedido de 214 anos de prisão para líderes independentistas catalães

    Pedido de 214 anos de prisão para líderes independentistas catalães

    Pedido de 214 anos de prisão para líderes independentistas catalães

    O Ministério Público da Espanha pede 214 anos de prisão para o conjunto dos líderes políticos catalães que trabalharam pela realização do referendo de autodeterminação, em outubro de 2017. O órgão espanhol pede uma pena de 25 anos de prisão e inabilitação, por “rebelião”, para Oriol Junqueras (ex-vice-presidente do governo da Catalunha), 17 anos de prisão para Jordi Sànchez (ex-presidente da ANC – Assemblea Nacional Catalana), Jordi Cuixart (presidente da Òmnium Cultural) e Carme Forcadell (ex-presidenta do Parlament de Catalunya). Para os ex-conselheiros Josep Rull, Joaquim Forn, Jordi Turull, Raül Romeva e Dolors Bassa, foi pedida uma pena de 16 anos de prisão e inabilitação.

    Em relação aos ex-conselheiros que não foram presos e não estão exilados – Santi Vila, Carles Mundó e Meritxell Borràs -, o Ministério Público pede uma pena de 7 anos de prisão e 16 anos de inabilitação por “malversação de fundos”, além de 30 mil euros de multa. O major Josep Lluís Trapero, que liderou a polícia catalã na desarticulação do grupo terrorista responsável pelo atentado em Barcelona, em agosto de 2017, é ameaçado por uma pena de até 11 anos, por “delito de rebelião”, bem como os ex-responsáveis políticos dos Mossos d’Esquadra, César Puig e Pere Soler. Para a intendente Teresa Laplana, foi pedida uma pena de 4 anos de prisão. Ela é acusada por “delito de sedição”, durante as manifestações do dia 20 de setembro de 2017.

    A Advocacia do Estado espanhol, porém, considera que não houve violência, e solicitou penas de menor duração. As acusações são de desobediência, malversação e sedição. Foram pedidos 12 anos de prisão para Junqueras, 11 anos e meio para os ex-conselheiros em prisão preventiva, 10 anos para Forcadell, 8 anos para Cuixart e Sànchez, e 7 anos para os ex-conselheiros que não estão exilados e nem foram presos preventivamente. A multa solicitada é a mesma. No total, 116 anos e meio de prisão.

    Notícia relacionada: Relatório do governo da Catalunha sobre as consequências do referendo de 2017

    Como a rebelião foi justificada no relato de acusações

    De acordo com o relato entregue ao Supremo Tribunal da Espanha, os acusados tinham por objetivo “declarar a independência e obrigar o Estado a aceitar a separação por meio da utilização de todos os meios que fossem necessários, inclusive a violência“, fazendo valer o uso da “força intimidatória“. Essa afirmação é baseada nas “tumultuosas manifestações” organizadas por seus líderes. Também acusa os líderes catalães de usarem os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, como “instrumento de defesa dos atos criminais“.

    No relato, a palavra ‘violência‘ aparece 14 vezes (21 vezes, se contados os termos derivados / sinônimos). O nome do ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, aparece três vezes.

    As penas solicitadas ainda não são definitivas. A decisão será tomada após o julgamento oral, quando o Ministério Público fará uma nova solicitação de penas.

    A reação dos líderes políticos independentistas

    No início da tarde, Roger Torrent e Quim Torra organizaram um discurso conjunto com a avaliação das penas solicitadas pelo Ministério Público espanhol. O presidente do Parlament de Catalunya, acusou o Ministério Público de “não atuar com o desejo de fazer justiça, mas sim por vingança“. Além disso, afirmou que “organizar um referendo não é delito, colocar urnas nunca pode ser um delito“.

    O presidente do governo da Catalunha criticou a postura do líder do governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmando que “perdeu uma oportunidade de ouro” para “reconduzir o conflito catalão da justiça para a política“. Torra complementou sua crítica dizendo que “o presidente Sánchez decidiu não atuar, e isso é o mesmo que ser cúmplice“, e prometeu “trabalhar sem descanso” para “converter toda a indignação em energia positiva a fim de encarar esse momento com força, determinação e união“.

    Massiva manifestação popular contra as acusações

    No fim da tarde, milhares de manifestantes se reuniram diante das prisões de Lledoners, Puig de les Basses e Mas d’Enric para protestarem contra as prisões preventivas e acusações do Ministério Público. A manifestação, convocada por partidos e outras entidades cívicas, aconteceu um ano após a juíza Carmen Lamela decretar prisão incondicional para Oriol Junqueras e os conselheiros Joaquim Forn, Dolors Bassa, Josep Rull, Jordi Turull, Raül Romeva, Carles Mundó e Meritxell Borràs.

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