O dia seguinte à detenção de Puigdemont na Alemanha

    A detenção de Carles Puigdemont sacudiu as estruturas da Europa. O dia 25 de março de 2018 não será esquecido tão cedo, e a reação popular foi imediata. Tanto na Catalunha como em outros países, houve numerosas condenações ao ocorrido na Alemanha. Enquanto isso, o governo da Espanha espera que a justiça alemã valide os documentos que buscam incriminar e extraditar Puigdemont.

    Reação na política europeia

    Destacados membros da política europeia expressaram seu rechaço à detenção de Puigdemont na Alemanha. Houve críticas, também, contra a atuação da Espanha contra os demais líderes independentistas catalães presos e exilados:

    • França: JeanLuc Mélenchon, candidato à presidência do país, disse o seguinte em seu Twitter: “Merkel fez com que Puigdemont fosse detido. A Europa da polícia política contra a expressão dos povos“. O comentário de Mélenchon surpreende, já que era bastante crítico quanto à independência catalã.
    • Dinamarca: os deputados querem que as ações do CNI (Centro Nacional de Inteligência) espanhol em pleno território dinamarquês sejam investigadas. A queixa dos parlamentares da Dinamarca tem como raiz uma notícia publicada no jornal espanhol El País, cujo titular não deixa dúvidas: “El CNI controló a Puigdemont desde su salida de Finlandia hasta su detención en Alemania“.
    • Finlândia: quinze deputados de seis partidos se uniram para pedir que Puigdemont não seja extraditado para a Espanha. No Twitter, o deputado Mikko Kärnä expressou a preocupação da Anistia Internacional quanto à preservação dos direitos humanos na Espanha, e instou a União Europeia a defender os direitos políticos dos cidadãos catalães.
    • Portugal: em Lisboa, houve um protesto contra a “suspensão da democracia” na Catalunha.
    • Eslovênia: Milan Kučan, o ex-presidente da Eslovênia, responsável pela independência do país, fez duras declarações contra a atuação alemã. Afirmou que “os membros da União Europeia se transformaram em instrumento da perseguição espanhola contra os catalães.”
    • Escócia: Nicola Sturgeon, presidenta da Escócia, comunicou publicamente seu apoio ao direito de autodeterminação catalã, e foi bastante crítica em relação à prisão dos líderes políticos catalães.
    • Parlamento europeu: mais de quarenta euro-deputados propuseram que os líderes independentistas catalães fossem candidatos ao Prêmio Sakharov. Esse é um prêmio dado a quem se destaca na luta pela liberdade de pensamento.

    O povo voltou às ruas

    Em Mallorca e diversas regiões do País Valencià, houve uma massiva concentração popular, cujo objetivo era protestar contra as prisões na Catalunha e a detenção de Puigdemont. Em València, cerca de mil pessoas ocuparam os arredores da delegação do governo espanhol na região.

    Em Palma, centenas de pessoas se agruparam diante da delegação do governo da Espanha. Já em Bruxelas, o CDR (Comitê de Defesa da República) da Bélgica encheu o entorno da sede da Comissão Europeia de laços amarelos e cartazes que protestavam contra as prisões políticas.

    Na manhã desta terça-feira, na Catalunha, diversas estradas começaram a ser ocupadas e fechadas pelos manifestantes. O plano é manter a ocupação por 24 horas, e os objetivos são protestar contra a repressão espanhola, e reivindicar a “efetivação da República catalã”. O movimento popular dos catalães tem sido conhecido como a “Primavera Catalã”, e muitos dos manifestantes são a favor de uma greve geral em toda a Catalunha.

     

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