Dois dias após a prisão de mais cinco representantes do movimento independentista e republicano catalão, a Catalunha viveu mais um dia de repressão. Dessa vez, o alvo foi Carles Puigdemont. O 130º presidente da Generalitat de Catalunya fazia uma viagem de retorno à Bélgica, após passar dois dias na Finlândia, onde ministrou uma conferência sobre a e-República e a atualidade política catalã.
Uma das primeiras vozes que noticiou a detenção de Puigdemont foi Jaume Alfonso-Cuevillas, seu advogado. Em sua conta no Twitter, Jaume disse que Puigdemont havia sido retido na Alemanha, depois de cruzar a fronteira com a Dinamarca. Além disso, afirmou que o trato ao líder catalão foi “bom”, e àquela hora, estava na delegacia local, e sua defesa jurídica, ativada. Horas depois, soube-se que o governo espanhol já estava trabalhando nas fases iniciais do processo de extradição, depois de receber a confirmação oficial de autoridades alemãs de que Puigdemont havia sido detido. No começo da tarde, a CUP convocou uma massiva manifestação popular, cujo objetivo era protestar intensamente contra todas as prisões políticas e detenção de Puigdemont. Não tardou muito para que a ANC e a Òmnium Cultural também liderassem o povo.
Ao longo do dia, diversas foram as reações políticas e da imprensa internacional à detenção na Alemanha:
A Alemanha tem a chance de reconciliar sua história com a Catalunha – Francesc de Dalmases (partido JuntsxCat)
A Alemanha não pode entregar esse homem. O governo central espanhol quer resolver um problema político com a polícia e os tribunais de justiça – Jakob Augstein, codiretor do influente jornal alemão Der Spiegel
O delito de rebelião não existe na Alemanha, diferentemente do que há na Espanha. Portanto, descarto que as autoridades alemãs extraditem Puigdemont – Wolfgang Kubicki, vice-presidente do parlamento federal alemão
À noite, foi emitida uma nota que esclareceu a situação de Puigdemont na Alemanha. Confiram o resumo:
Hoje, 25 de março de 2018, foi detido provisoriamente por forças da ordem da polícia territorial o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, próximo à rodovia federal 7 em Schlesvig-Holstein. O motivo da detenção foi uma ordem de busca feita pelo Reino da Espanha, cujo objetivo é a extradição. Amanhã, será levado ao juizado de primeira instância. Este comparecimento servirá exclusivamente para o reconhecimento do detido. A decisão sobre a extradição ou não de Puigdemont será tomada pelo Tribunal Superior de Schlesvig-Holstein. Serão analisados os documentos enviados pela Espanha, a fim de verificar se há validez nas justificativas para a extradição apresentadas.
Reações populares na Catalunha e em outros países
A detenção de Puigdemont na Alemanha provocou uma reação popular intensa e imediata. Diversas ruas foram fechadas pelas dezenas de milhares de manifestantes, e houve incidentes envolvendo a polícia.
No começo da tarde, a sub-delegação do governo espanhol em Girona foi ocupada por centenas de manifestantes pertencentes aos Comitês de Defesa da República.
A grande manifestação ocorreu em Barcelona, partindo da delegação da Comissão Europeia, passando pela Passeig de Gràcia, La Rambla, Passeig Marítim, e chegando à torre Mapfre, onde está localizado o consulado da Alemanha.
Na Bélgica, mais precisamente na Praça de Schumann (sede da Comissão Europeia), mais de cem manifestantes mostraram sua indignação com a detenção de Puigdemont, com gritos de Som República (Somos República). Confiram este vídeo e nossa seleção fotográfica a seguir.
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Declaração institucional de Roger Torrent
O presidente do Parlament de Catalunya se dirigiu à cidadania catalã para se pronunciar sobre a detenção de Carles Puigdemont. Torrent disse que está em uma “etapa de conversas com os partidos” para encontrarem uma solução política à repressão espanhola. “Trabalharemos para articular uma resposta conjunta e democrática”, afirmou.
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