Nove líderes políticos independentistas na Catalunha são presos

    Nove líderes políticos independentistas na Catalunha são presos

    O juiz Pablo Llarena condenou Jordi Turull, Carme Forcadell, Josep Rull, Raül Romeva e Dolors Bassa à prisão sem fiança. Horas antes da sentença, Marta Rovira, que também seria julgada – e presa – publicou uma carta dizendo que optaria pelo exílio, tal como Puigdemont e Anna Gabriel. A ordem de prisão aconteceu um dia após à fracassada tentativa de investidura de Jordi Turull como novo presidente da Generalitat de Catalunya. Ironicamente, a decisão de Pablo Llarena foi tomada no mesmo dia em que a ONU, por meio de um comunicado ao Estado espanhol, fez uma petição para que os direitos políticos de Jordi Sánchez, cuja candidatura à presidência da Generalitat foi bloqueada pela justiça espanhola, fossem preservados.

    A argumentação do juiz Pablo Llarena

    A justiça espanhola incriminou os citados políticos catalães com base em “delitos de rebelião e sedição”. De acordo com o juiz Llarena, os presos foram culpados pelo uso da violência policial contra os eleitores na data de 1º de outubro de 2017. Segundo a legislação espanhola, caracteriza o crime de rebelião o “uso de violência“. Entretanto, como pode ser visto neste vídeo, o uso da violência foi exclusivamente policial, com seus bastões e balas de borracha contra cidadãos indefesos. A violência empregada em primeiro de outubro do ano passado foi um dos destaques negativos reunidos pela organização de direitos humanos Human Rights Watch.

    No julgamento aos cinco políticos catalães, Llarena expôs as detalhadas “razões” para que o encarceramento fosse levado a cabo:

    • Jordi Turull: incriminado por ter participação, quando porta-voz do governo catalão, na organização das estruturas informáticas para votação e recrutamento de voluntários que participariam do Referèndum.
    • Raül Romeva: incriminado por ter sido a favor do reconhecimento à “República da Catalunha” no exterior. Também incriminado por propor um projeto que possibilitaria o voto eletrônico a catalães residentes no exterior.
    • Carmen Forcadell: incriminada por participação, desde o começo, do processo independentista como presidente da ANC. Também incriminada por deixar o Parlament de Catalunya a serviço do violento resultado obtido com o Referèndum e a proclamação da República.
    • Josep Rull: incriminado por ter participado de diversas reuniões para definições da estratégia de independência.

    Além desses representantes da política catalã, a lista de Llarena inclui perseguições a Puigdemont (considerado pela justiça espanhola como “em estado de rebeldia”), e os “motivos” pelos quais levaram Jordi Sánchez, Jordi Cuixart, Joaquim Forn e Oriol Junqueras à prisão (há cinco meses estão encarcerados):

    • Oriol Junqueras e Joaquim Forn: presos por incentivarem o povo catalão à mobilização, e por contarem com o reforço dos Mossos d’Esquadra (a polícia catalã) para que os eleitores pudessem votar, “entrando em confronto com a polícia do Estado espanhol”.
    • Jordi Sánchez e Jordi Cuixart: presos por usarem sua influência como líderes da ANC e Òmnium Cultura para a mobilização de centenas de milhares de cidadãos catalães, levando-os a formarem uma resistência contra a força policial que tinha o dever de impedir a “votação ilegal”.

    A reação do povo catalão em defesa dos líderes políticos

    Horas após a decisão do juiz Pablo Llarena, milhares de cidadãos catalães foram às ruas para protestarem contra a sentença judicial. A manifestação fechou os acessos à Diagonal e à Passeig de Gràcia, além de ocuparem toda a Plaça de Catalunya. O destino era a delegação do governo espanhol. Apesar do caráter pacífico da manifestação, a polícia fez uso da força contra diversos manifestantes, jornalistas e fotógrafos. Gritos de “Não tenho medo” foram uns dos mais escutados.

    No final do dia, o presidente do Parlament de Catalunya, Roger Torrent, confirmou a realização do segundo turno de votações para a investidura presidencial. A sessão parlamentar começará às 11h30 (07h30, horário de Brasília).

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