Ministro espanhol teria ordenado espionagem de delegações da Catalunha

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Novo capítulo do conflito político entre Catalunha e Espanha. Nesta terça-feira, a TV3 (a televisão catalã) e o portal ElDiario.es publicaram informações sobre uma suposta espionagem de delegações da Catalunha por parte do Ministério de Relações Exteriores espanhol, liderado por Josep Borrell. De acordo com os documentos, as representações diplomáticas catalãs que teriam sido espionadas foram as de Genebra, Londres e Berlim. Segundo Borrell, “as delegações catalãs no exterior se dedicam, com intensidade, aos objetivos independentistas, e sujam a imagem da Espanha“.

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O que a suposta espionagem de delegações da Catalunha teria registrado?

O relatório, entregue pela Promotoria Pública espanhola ao Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), apresenta informações sobre supostas ordens de Oriol Junqueras às delegações, e instruções dadas pela equipe de Relações Exteriores do governo catalão às delegações situadas na Inglaterra e na Irlanda, além de registros sobre as atividades por outros membros ligados à diplomacia catalã na Europa. As anotações, porém, não apresentam nenhuma assinatura ou selo, e sua procedência não foi citada nas páginas.

Em relação à ligação entre Oriol Junqueras e as entidades diplomáticas catalãs, é dito que elas “receberam instruções dele para que entrassem em contato com representações eclesiásticas dos respectivos países”, com o objetivo de “obter o apoio da Igreja para melhorar a situação dos líderes independentistas catalães julgados”. Sobre a atuação no Reino Unido, as notas registradas no documento alegam que houve uma instrução que incentivava “a aproximação com Nicola Sturgeon, Primeira Ministra da Escócia, por sua relevância política no Reino Unido”, além de uma “proposta de acordo de colaboração ou memorando de entendimento entre os governos da Catalunha e da Escócia”. Ainda no que diz respeito às atividades diplomáticas catalãs no Reino Unido, sempre de acordo com os registros enviados ao TSJC, o representante da delegação catalã naquela região, Sergi Marcén, teria recebido ordens para “estabelecer vínculos com a Anistia Internacional do Reino Unido, a fim de que essa pressionasse a homóloga espanhola a se posicionar a favor dos líderes independentistas catalães presos”.

O que os órgãos de diplomacia da Catalunha e da Espanha disseram?

De acordo com as notícias divulgadas pela TV3 e por ElDiario.es, o Ministério de Relações Exteriores publicou uma nota relacionada ao vazamento das informações: “Deixamos claro que é parte do nosso trabalho vigiar de perto qualquer atividade que pretenda debilitar a imagem da Espanha no exterior e, particularmente, todas aquelas cujo objetivo seja executar o projeto independentista do Governo da Catalunha. Faz parte do nosso trabalho detectar o uso indevido de fundos e recursos públicos para debilitar a imagem da Espanha e tentar consumar o projeto separatista”. Ainda de acordo com a nota, também é função do Ministério evitar “a qualquer custo” que “seja gasto dinheiro público sob falsos pretextos, como no caso de algumas delegações da Catalunha”. Procurado pelos meios de comunicação que revelaram os registros, o Ministério de Relações Exteriores espanhol se negou a fazer comentários, alegando tratar-se de “informações reservadas”.

Alfred Bosch, chefe do departamento de Relações Exteriores do governo catalão, qualificou a ação do seu homólogo espanhol como “guerra suja”. No Twitter, Bosch publicou o seguinte: “Espiar rivais políticos? Isso tem um nome, Josep Borrell, é guerra suja”.

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