Três anos de guerra, dezenas de milhares de mortos e um território devastado, a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos fez com que as negociações sobre a guerra na Ucrânia entrassem em uma nova situação e é previsto que as autoridades ucranianas tenham que ceder parte do território em um possível acordo de paz com Vladimir Putin.
Os territórios em disputa são, fundamentalmente, as quatro regiões do sul e leste: Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson, além da Crimeia, que foi anexada por Moscou em 2014. Putin quer o controle total do Donbass e do corredor terrestre para a Crimeia. A Ucrânia, por outro lado, inicialmente se recusava a reconhecer qualquer perda territorial, no entanto, Volodymyr Zelensky disse estando na Casa Branca: ‘Os assuntos delicados, territoriais, discutiremos em escala de mandatários durante a reunião trilateral que o presidente Trump tentará organizar’.
Donetsk: o principal objetivo de Moscou
Donetsk é o coração industrial do Donbass e o grande objetivo de Putin. A região é dividida: o sul e leste estão sob controle russo, e cidades-chave como Kramatorsk, Sloviansk e Kostantinivka continuam sob controle ucraniano. Segundo fontes militares, Moscou pressiona para conquistar toda a região antes de qualquer acordo.
Lugansk: completamente ocupada
A região vizinha, Lugansk, já está completamente sob domínio russo. Foi uma das primeiras zonas ocupadas em 2014 e desde 2022 foi anexada formalmente. Para Putin, esta região é irrenunciável.
Zaporíjia e Kherson: o corredor estratégico
Em Zaporíjia, Moscou controla o sul, incluindo a maior usina nuclear da Europa. Em Kherson, as tropas russas perderam a capital, mas mantêm a margem sul do Dnieper. Essas duas regiões fazem parte do corredor terrestre entre o Donbass e a Crimeia, considerado vital para a lógica militar russa.
Crimeia: a anexação que começou tudo
Anexada em 2014, a Crimeia é o primeiro território que a Ucrânia perdeu. Embora o direito internacional a reconheça como território ucraniano, para Moscou ela já faz parte da Federação Russa. Parece não ser possível nenhum acordo que permita seu retorno.
A oferta russa e o dilema ucraniano
A Rússia parece disposta a congelar a linha de frente atual, em troca do reconhecimento de fato das conquistas territoriais. Trump insinuou um acordo com garantias de segurança para a Ucrânia e uma troca territorial que permita a Moscou manter os territórios ocupados. Nenhuma solução será simples. Um cessar-fogo poderia implicar uma vitória estratégica para Putin e enfraquecer a ordem internacional baseada no direito. E, ao mesmo tempo, a falta de um acordo prolonga uma guerra que castiga a população civil ucraniana e desgasta o Ocidente.
Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.