Em pleno impasse sobre a aprovação do orçamento, os Jogos Olímpicos de Inverno de 2030 voltam a evidenciar a divisão no governo da Catalunha, liderado por Pere Aragonès (Esquerra Republicana de Catalunya – ERC).
Na sessão parlamentar desta quinta-feira, os partidos Junts per Catalunya e ERC se opuseram à moção apresentada pela CUP contra a realização das Olimpíadas de Inverno de 2030 (Barcelona – Pirineus). Mais especificamente, o partido anticapitalista propunha que o Parlamento catalão instasse o governo da Catalunha a renunciar aos Jogos Olímpicos.
Entre os motivos que explicam o posicionamento da CUP, está a “inviabilidade” de sediar o torneio “em um contexto de mudança climática“. A CUP argumenta que há o risco de que, em 2030, “não haja neve” nos Pirineus. Assim, o partido exige que seja feito um referendo sobre a realização da competição.
A moção apresentada pela CUP teve apenas um apoio, o do grupo En Comú Podem.
Vale a pena ler: Governo da Catalunha multa três empresas por terem excedido níveis de poluição
Sobre a aprovação do orçamento
O primeiro ano da nova legislatura na Catalunha mostra alguns vícios que marcaram o governo de Quim Torra, como os contínuos desacordos. A maioria parlamentar, composta por Junts per Catalunya, ERC e CUP, passa por um de seus momentos mais desafiadores: a aprovação do orçamento.
A aprovação do orçamento dependerá, inicialmente, do aval da CUP. No dia 16 de novembro, a maior parte da militância do partido votou a favor da apresentação de emendas ao orçamento. Concretamente, a CUP estabeleceu algumas condições para apoiar a aprovação do orçamento:
- paralisação dos macroprojetos de turismo massivo e especulação: a CUP exige que o governo retire a candidatura catalã aos Jogos Olímpicos, e que descarte a ampliação do aeroporto de Barcelona.
- habitação: a CUP exige que o setor de habitação conte com 1 bilhão de euros. Desse total, 300 milhões de euros seriam destinados à habitação social.
- impostos: a CUP defende que sejam aumentados os impostos para os detentores de patrimônios pessoais de entre 1 milhão e 10 milhões de euros (aumento de 1%), entre 10 milhões e 50 milhões de euros (aumento de 2%) e, para os que possuem um patrimônio pessoal superior a 50 milhões de euros, a CUP propõe um aumento de 3% nos impostos.
- conflito político: a CUP insta o presidente catalão, Pere Aragonès, a estabelecer as condições que possibilitem a realização de um referendo de autodeterminação na atual legislatura.
- retirada de acusações contra ativistas: a CUP exige que o governo catalão anule todas as suas denúncias contra ativistas independentistas.