O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, assegurou que seu país exerce um “direito legítimo” à autodefesa em seus contra-ataques contra Israel. Defesa que responde a uma operação israelense contra seu território, que descreveu como um ardil para sabotar as negociações nucleares entre os Estados Unidos – ao qual acusou de cumplicidade nos ataques israelenses – e a república islâmica. Araghchi lembrou que os ataques israelenses contra instalações nucleares representam uma violação das Convenções de Genebra e “uma invasão de território iraniano”, além das vítimas civis causadas pelos bombardeios israelenses que começaram na sexta-feira e que, segundo a Meia Lua Vermelha iraniana, já deixaram mais de uma centena de mortos e oitocentos feridos.
O ministro lembrou que o ataque israelense ocorreu no meio das conversas indiretas com os Estados Unidos sobre o programa nuclear da república islâmica, catalisador desse conflito. A suspensão do sexto encontro entre Washington e Teerã previsto para hoje em Omã é consequência direta da operação de Israel.
“Israel não quer negociações, e um ataque contra o Irã no meio delas demonstra a oposição do regime israelense a qualquer negociação. Isso tem acontecido repetidamente nos anos anteriores. Tem sabotado as negociações, e os Estados Unidos têm consentido”, acrescentou Araghchi. Também se mostrou absolutamente convencido de que o presidente Donald Trump estava completamente ciente do plano israelense e diz ter “provas sólidas”.
“Examinamos a situação de perto e temos abundantes evidências de como as forças estadunidenses ajudaram o regime, mas mais importantes que nossas provas são as declarações de Trump, que expressou claramente seu apoio em entrevistas e afirmou com clareza que os Estados Unidos são parceiros nesses ataques e devem assumir sua responsabilidade”, indicou o ministro. Por sua vez, Trump se desvinculou da campanha israelense contra o Irã, ao mesmo tempo em que alertou as autoridades iranianas para não atacarem interesses estadunidenses em seus contra-ataques.
Araghchi, em suma, assegurou que seu país respondeu aos ataques israelenses com base no princípio da defesa territorial. “É o direito legítimo de todo país se defender de uma agressão, e isso é o que nossas forças armadas começaram há duas noites”, indicou o ministro antes de esclarecer que o objetivo principal do Irã não é a população civil de Israel, mas sim sua infraestrutura militar e econômica.
“Esperamos que os Estados Unidos se retirem desse conflito. Espero que a comunidade internacional preste atenção suficiente a esse assunto e enfrente a agressão israelense. Esta é a melhor maneira de alcançar a paz na região”, concluiu o ministro.
Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.