Revista norte-americana revela, por meio de uma declaração sigilosa, que a Espanha é cliente da empresa de espionagem NSO Group desde 2015. Nesta terça-feira, o Aqui Catalunha havia publicado a notícia, com base nas revelações publicadas por The Guardian e El País, sobre o mais novo escândalo relacionado ao Estado espanhol, que estaria por trás da espionagem contra o presidente do Parlamento da Catalunha, Roger Torrent. Entretanto, a revista Vice mostra que, além do presidente do Parlamento catalão e mais duas pessoas ligadas ao movimento independentista, o ex-secretário de Relações Exteriores da Generalitat de Catalunya, Ernest Maragall, também foi alvo de espionagem.
Ainda nesta segunda-feira, o portal elDiario.es mostrou que outros dois importantes membros ligados ao governo catalão estiveram na mira da espionagem orquestrada pelo Estado espanhol: Jordi Puigneró (atual secretário de Políticas Digitais), e Sergi Miquel (diretor técnico da Casa de la República, que é a sede do Consell per la República, entidade liderada pelo atual eurodeputado Carles Puigdemont).
Notícia relacionada: Puigdemont denuncia estratégia de lawfare do Estado espanhol
“Finalmente, um Estado europeu”
De acordo com declarações de um ex-funcionário da NSO Group, empresa de Israel desenvolvedora do programa Pegasus, Espanha é um de seus clientes, mais especificamente desde 2015. É válido lembrar, conforme publicamos, que o programa Pegasus pode ser comprado apenas por governos estatais e forças de segurança e inteligência, a fim de espiar grupos terroristas.
Na publicação da revista Vice, o ex-funcionário que fez as revelações afirmou que foi o CNI (Centro Nacional de Inteligencia) que “organizou a compra do software Pegasus“, e que a empresa está “muito contente” por ter a Espanha como cliente: “Finalmente, um Estado europeu“.
O artigo da revista norte-americana também inclui declarações de Carles Puigdemont sobre o caso: “Faz tempo que a Espanha usa métodos autoritários. Eu mesmo tive um dispositivo instalado no meu carro, algo que já está sendo investigado pelas autoridades belgas. A União Europeia não pode esperar mais para agir, temos novas provas de que o estado de direito na Espanha está destruído.”
Mathias Vermeulen, um especialista em tecnologia de vigilância que já trabalhou a serviço do Parlamento Europeu acrescentou: “Não é a primeira vez que há uma acusação de espionagem contra a dissidência na Espanha. Em 2012, políticos independentistas já haviam acusado o governo espanhol de espionagem. Usar ferramentas como Pegasus contra políticos democraticamente eleitos é uma novidade na Europa, e isso deveria ser investigado imediatamente.”
Traduções para o catalão, o inglês e o espanhol
Esta notícia foi traduzida, de forma automática, para as línguas catalã, inglesa e espanhola. Aos poucos, a nova equipe de edição e revisão do portal Aqui Catalunha se encarrega de editar e aperfeiçoar as traduções.
Notícia relacionada: Ministro espanhol ordenou a espionagem de embaixadas da Catalunha