Como entender o novo e decisivo ciclo na história da Catalunha?

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Nesta segunda-feira, 14 de outubro de 2019, espera-se que nove líderes civis e políticos catalães sejam condenados a até 15 anos de prisão. Alguns deles, no momento desta publicação, estão há mais de 600 dias em prisão preventiva, e todos foram julgados, em Madrid, de 12 de fevereiro a 12 de junho deste ano. Desde os dias e meses prévios à realização do referendo de autodeterminação, convocado pelo então presidente Carles Puigdemont, a Catalunha tem convivido com sucessivas repressões em muitos níveis, muitas delas apresentadas neste portal, com o rigor profissional necessário e à altura da gravidade dos acontecimentos. Desde fevereiro de 2018, temos noticiado ao público de língua portuguesa o que, em grande parte, não é publicado nos maiores meios jornalísticos em português. Falamos especialmente do Brasil. Se não estivéssemos tão certos do que fazemos, jamais teríamos tido, por exemplo, a audácia de escrever cartas abertas para alguns desses maiores meios de comunicação que existem no país. Mais que uma questão de audácia, é uma questão de responsabilidade e respeito ao nosso trabalho e às pessoas que querem entender o outro lado. Fazemos e continuaremos a fazer isso.

Façamos um teste. Após as seguintes perguntas, tentem respondê-las com toda a sinceridade: 1) É aceitável que mais de dois milhões de votos sejam ignorados e que, como consequência, nossos representantes legitimamente eleitos não possam exercer seus cargos, e fiquemos impossibilitados de ouvir as vozes que escolhemos? 2) É aceitável que um dos direitos fundamentais mais básicos, como o de votar, seja reprimido à base de violência por parte daqueles que, em vez de zelarem pela segurança, deixam os cidadãos nervosos e apavorados, e os persigam como se tivessem cometido algum ato terrorista? 3) Como vocês reagiriam quando soubessem que o principal representante de um Ministério de Relações Exteriores espionou as atividades daqueles que, de acordo com esse representante, são apenas um braço do Estado, e não embaixadas? 4) Como vocês reagiriam perante uma porta-voz de um governo que afirma, de modo categórico, que o direito à autodeterminação não existe? 5) Como vocês se sentiriam se o governo de um país, fazendo uso de sua Guarda Civil, detivesse cidadãos com base em suspeitas de planejamento de ações terroristas e, dias depois, sete desses cidadãos fossem presos por essas suspeitas? 6) O que fariam se vários meios de comunicação de um país publicassem informações falsas sobre vocês, com a intenção de reforçar um ambiente de criminalização? 7) Será que deputados e senadores de um outro país, um jornal de outro continente, um presidente de um Parlamento de outro continente e mais um grupo de deputados estão errados quando comparados a quem iguala o independentismo catalão ao nazismo, e quando comparados ao mesmo representante de um Ministério Exterior que não sabe como responder, de modo decente, as perguntas de um jornalista sobre um dos principais temas do cenário político internacional?

Como vocês podem ver, cada parte de uma das perguntas leva a uma notícia que publicamos. Deixamos, porém, o “melhor” para agora, o fruto de nosso trabalho durante os primeiros sete dias do julgamento aos líderes políticos e civis catalães. Apresentamos as crônicas com todas as declarações dos réus, e os argumentos de seus advogados e dos membros da acusação no primeiro dia. Logicamente, não poderíamos deixar de fora o conteúdo apresentado pelos promotores espanhóis, que afirmaram o seguinte: “Organizar um referendo é um delito, ainda que descriminalizado”.

Esses são apenas alguns exemplos dentro da nossa proposta de teste. Uma quantidade necessária e suficiente para reforçar a opinião daqueles que compreendem a causa catalã, e para incomodar a cabeça daqueles que teimam em criminalizar e deslegitimar esse movimento. Esta publicação é um marco na história do Aqui Catalunha, pois é um dos últimos que antecedem o início de um novo e potente ciclo de mobilizações, provavelmente o maior na história da Catalunha e da história europeia recente. Não sabemos por quanto tempo mais durará o processo de independência da Catalunha. Apenas sabemos que a vontade massiva e persistente do povo serão decisivas, como em algumas das mais importantes revoluções na história global.

Tentaremos trazer o máximo possível dos acontecimentos dos próximos dias, semanas e meses. Pedimos que vocês compartilhem nossas publicações, que opinem, que nos leiam. Fazendo isso, vocês darão sentido ao que fazemos com tanto esforço. Uma outra forma de apoiar o nosso trabalho é sendo assinante do Aqui Catalunha. Todas essas formas de apoio nos ajudarão a seguir adiante, a nos divulgar mais e melhor, a continuar nossa missão de informar sobre a Catalunha, trazendo um ponto de vista real, porém oculto nos maiores meios de comunicação em língua portuguesa.

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