Em breve, Barcelona se candidatará a ser a sede da futura Autoridade Europeia de Preparação e Resposta às Emergências Sanitárias (HERA). A candidatura ao projeto está sendo discutida entre a secretaria de Saúde do governo catalão e a Prefeitura de Barcelona.
De acordo com a prefeita Ada Colau, “haverá muita concorrência”, mas o “bom posicionamento” da cidade e o setor de pesquisas “de primeiro nível” são fatores que beneficiarão a candidatura da capital catalã. Inicialmente, será criado um grupo de trabalho para elaborar a proposta e obter apoio de outras administrações públicas e entidades de pesquisa ligadas às ciências da saúde.
O projeto deverá ser encaminhado à Comissão Europeia. Por enquanto, ainda não são conhecidas as cidades que competirão com Barcelona. Prevê-se que a nova sede comece a funcionar em 2023.
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Sobre o projeto
Em novembro de 2020, a Comissão Europeia decidiu promover a criação de uma agência que fortalecesse a coordenação dos países-membros perante as emergências sanitárias internacionais, como a pandemia do coronavírus. Assim, um dos objetivos deste projeto é preparar a Europa contra novas variantes do vírus e outras possíveis crises sanitárias.
Entre os integrantes da Autoridade Europeia de Preparação e Resposta às Emergências Sanitárias, estarão pesquisadores, farmacêuticas, empresas biotecnológicas, fabricantes, reguladores e autoridades públicas que atuarão no controle das variantes, troca de dados e cooperação na fabricação de vacinas.
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O papel do Estado espanhol e a Agência Europeia de Medicamentos
Em outubro de 2017, Barcelona se candidatou para ser a sede da EMA, a Agência Europeia de Medicamentos. A capital da Catalunha era uma das favoritas para ser escolhida: de fato, conforme relatou El País em 15 de outubro daquele ano, “a candidatura de Barcelona foi muito bem avaliada pela Agência de Medicamentos”, já que a cidade “cumpria com todos os requisitos necessários”. Além disso, fontes ligadas ao Ministério de Saúde do governo espanhol teriam afirmado, sempre segundo o texto publicado por El País, que “a situação política vivida na Catalunha não estava afetando a candidatura de Barcelona“.
Entretanto, no mês de novembro, a cidade vencedora foi Amsterdã. A derrota de Barcelona foi, de acordo com a Ministra de Saúde Dolors Montserrat, “culpa do movimento independentista catalão” que, para ela, “queria dividir a Europa”. Alguns membros da esfera política catalã também culparam o processo de independência da Catalunha pelo resultado: “A Agência Europeia de Medicamentos não vem para Barcelona. A melhor candidatura não conseguiu vencer a imagem de uma Generalitat brincando de ser uma República, e de uns políticos insultando o resto da Espanha e das entidades europeias. Uma pena.”, escreveu Xavier García Albiol, filiado ao partido espanhol PP, e um dos que defenderam a aplicação do Artigo 155 contra o governo da Catalunha.
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Por outro lado, Carles Puigdemont, já como presidente catalão exilado na Bélgica, escreveu em seu Twitter, no dia 20 de novembro de 2017: “A vitória do 155: prender líderes civis e metade do governo legítimo, forçar o exílio para a outra metade, erradicar o autogoverno e, agora, já podemos incluir o empobrecimento do território. Até o 1º de outubro, Barcelona era a favorita. Com violência, retrocesso democrático e o 155, o Estado espanhol sentenciou”.