A irmã de Montserrat Roig, Carmina Roig, expressou sua indignação com uma entrevista fictícia à escritora publicada pela La Vanguardia. Ela fez isso em um tuíte na rede social X – antigo Twitter – onde mostrou a carta de reclamação que enviou ao jornal.
A entrevista, elaborada pelo chefe de cultura da publicação Xavier Ayen, inventa as respostas de Roig a um questionário sobre temas atuais. Isso não agradou em nada a Carmina Roig, que denunciou que não é possível saber as ideias que sua irmã teria sobre questões tão complexas como a guerra em Gaza ou o feminismo. ‘O que você sabe que ela pensaria?’, lamenta. ‘Fiquei indignada com o Sr. Ayen por fazê-la concordar com determinadas ideias, todas muito atuais’, criticou. ‘Não sabemos o que ela pensaria agora, pois se passaram mais de 30 anos. Tudo me pareceu fora de contexto e muito tendencioso’, acrescentou.
O que @xaviayen fez na LV em uma entrevista fictícia com minha irmã eu acho repugnante, obsceno e tendencioso. O que você sabe que ela pensaria sobre Gaza e Ripoll? E a entrevista com Sharon Tate é ainda pior.
— Carmina Roig (@Albineta) 23 de agosto de 2025
Por exemplo, Ayen explica que Montserrat Roig acabara de voltar de participar da frota de ajuda a Gaza liderada por Greta Thunberg no momento da entrevista. Sobre o feminismo, a entrevista imagina que Roig não conceberia um feminismo que não fosse de esquerda.
Carmina Roig também expressou sua surpresa com o fato de a entrevista dizer que a escritora faria um podcast junto com a jornalista Maruja Torres, que protagonizou algumas polêmicas por suas críticas ferrenhas ao independentismo. ‘Quem diria!’, exclama Roig.
Por fim, a irmã de Montserrat Roig pede a Ayen que deixe os mortos em paz.
A entrevista faz parte da série ‘Entrevistas impossíveis’, que imagina uma entrevista sobre temas atuais com grandes figuras da cultura já falecidas. Entre os personagens entrevistados estão também as atrizes Sharon Tate e Marilyn Monroe, os músicos Camarón de la Isla e Nino Bravo, e o escritor Roberto Bolaño.
Esta é a carta completa de Carmina Roig:
Ontem, através da rede X, fiquei sabendo que Xavi Ayen, chefe da seção de cultura do seu jornal, fez uma série de entrevistas fictícias. Uma delas foi feita com minha irmã Montserrat Roig. Além de ver como, graças à IA, a ilustradora a envelheceu até a idade que teria agora, 79 anos, fiquei indignada com o Sr. Ayen por fazê-la concordar com determinadas ideias, todas muito atuais. Tudo fora do contexto em que ela viveu. Se ela volta de Gaza, se está com o Open Arms – A faz opinar sobre Ripoll e uma suposta censura e também sobre o feminismo atual. Também diz que faz um podcast com Maruja Torres, veja só! Quem diria! Minha irmã se destacou pela defesa intransigente dos direitos dos mais fracos e das mulheres enquanto viveu, mas não sabemos o que ela pensaria agora, pois se passaram mais de 30 anos. Tudo me pareceu fora de lugar e muito tendencioso. Sou também jornalista, agora aposentada, e sempre pensei que acima de tudo há um código ético e que as ideias pessoais do jornalista não devem ultrapassar certos limites. Seria bom que o Sr. Ayen deixasse os mortos em paz e os homenageasse pelo que fizeram de bom quando estavam vivos.
Carta que acabo de enviar à LV pic.twitter.com/pb6FPir5RQ
— Carmina Roig (@Albineta) 24 de agosto de 2025
Este texto é uma tradução do artigo original publicado em Vilaweb, utilizado para fins informativos.