Neste fim de semana, 52 deputados franceses assinaram uma carta em que se manifestam sobre situação política na Catalunha. Na mensagem, os políticos expressam a sua “preocupação” com a situação dos líderes independentistas catalães presos e exilados, e defendem que o debate político não pode ser decidido com repressões e ataques a direitos civis. A provável sentença condenatória contra os líderes políticos e civis catalães, julgados por suas atividades em relação ao referendo de autodeterminação de 2017, deverá ser publicada entre o final de setembro e início de outubro.
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Leia o conteúdo da carta dos deputados franceses
“Hoje, queremos apenas expressar nossa preocupação e desaprovação ao que nos parece uma violação das liberdades fundamentais e do exercício da democracia. Por causa de suas opiniões políticas e por terem organizado uma votação, políticos eleitos são presos, exilados e podem ser condenados a graves penas de prisão. O respeito às normas institucionais é uma coisa, mas consideramos que o debate político não pode ser decidido com repressão, ataques aos direitos das pessoas, como o de opinar. Assim como muitas vozes na Espanha e em outros lugares, exigimos o fim da tensão e das medidas arbitrárias que afetam os representantes eleitos pelo sufrágio universal”.
Críticas de Manuel Valls à carta dos deputados
A mensagem dos deputados franceses provocou a ira de Manuel Valls, ex-Ministro francês de origem catalã. Nas eleições municipais de Barcelona, Valls foi decisivo para que a vitória de Ernest Maragall, do partido independentista ERC, fosse estéril, permitindo que Ada Colau, da plataforma política Catalunya en Comú, conseguisse suficientes votos para permanecer como prefeita da cidade. Valls é conhecido, entre outras coisas, por seu ferrenho combate ao independentismo catalão e pela sua significância política para os cidadãos franceses: em enquete organizada pelo jornal Les Echos, em setembro de 2018, 39% deles consideram que a imagem política de Valls era “muito ruim”, a terceira pior entre os 31 políticos da lista.
Em relação à opinião dos deputados, Manuel Valls, em seu Twitter, declarou que “são irresponsáveis e ignorantes”. Afirmou, também, que “na Espanha não há repressão e nem preso político algum”, e garantiu que a Espanha “é uma grande democracia que se defende daqueles que não respeitam a Constituição, e querem separar a Catalunha do Estado espanhol”. Para Valls, a situação dos líderes políticos e civis catalães em prisão preventiva há mais de um ano faz parte de “uma resposta potente dos que defendem os valores democráticos e europeus”.